Por Rangel Alves
da Costa*
Uma
incontestável certeza: o fim da humanidade caminha no mesmo percurso do homem.
Não há como afirmar diferente. O homem sempre foi o seu próprio algoz, o seu
destruidor. Contudo, sua ação se encaminha cada vez mais para outras direções.
E aonde chega a mão humana o fim estará muito próximo.
Que não se
tenha isso como exercício de pessimismo, como visão das coisas pelo lado mais
negativo. Não. Tal constatação é fruto de realista reflexão. Ora, se tudo que é
indevidamente usado demais, abusado demais ou perde seu controle ou a razão de
ser, mais adiante perecerá, então que se veja nesse processo a realidade do
mundo, da existência, da vida.
Nada suporta
ser continuamente maltratado. Em tudo há um ponto de saturação, de exaurimento.
Chega um momento que a corda arrebenta, que o ferro é totalmente tomado pela
corrosão. E o mundo chegará a esse ponto pelas ações humanas. Em muitas
situações, e diante dos estragos já provocados, nem mesmo as tentativas de
preservação darão resultados satisfatórios. Os danos são tamanhos que
dificilmente as consequências sequer poderão ser adiadas.
Os exemplos
são muitos, estão aí diante de todos, e geralmente com todos como agentes
ativos e passivos nos processos de destruição, transformando tudo num
verdadeiro caos. E caos social, familiar, político, ambiental, produtivo,
existencial, comportamental, em tudo e todos os setores da vida e da sociedade.
Infelizmente não há mais nada que não esteja maculado pelas aberrações e vícios
mundanos e que ainda se mantenha no resguardo da paz e da tranquilidade.
Ontem o mundo
sofria as consequências da violência, mas hoje a violência está ainda maior e
será cada vez mais crescente. Não que as guerras sejam deflagradas em maior
quantidade, mas pelas guerras urbanas e campesinas que se tornaram mais
frequentes e violentas, vitimando um número alarmante de pessoas. É irrefreada
a violência no trânsito, nas ruas, nos lugares mais distantes. Basta alguém
olhar para o outro e este revida de forma animalesca. Em tudo um motivo para a
violência, para a brutalidade, para tirar a vida do próximo.
Um exemplo
desse caos é ainda notícia fresca na imprensa sergipana. Nos últimos dias a
violência imperou de tal modo e de forma tão aterrorizante que muitos
imaginaram estar noutra região do país. Numa só semana e um adolescente foi assassinado
dentro da sala de aula, outro foi alvejado por policiais e morreu aos 17 anos.
Um ônibus foi incendiado e inúmeras ocorrências com vítimas foram registradas.
Segundo informações repassadas à imprensa, ao menos três ônibus são assaltados
a cada dia.
Tais dados,
ainda que resumidamente, significam muito para uma cidade do porte de Aracaju.
E a violência assola impiedosamente todo o interior do estado. Como diz a
história, violência havia, mas não assim nessa normalidade e nesse montante.
Entretanto, nada mais é que a comprovação de que o caos se instalou de tal modo
que não haverá mais saída em pouco tempo. E o que acontecerá quando nem os
órgãos de segurança puderem conter o avanço desenfreado da violência?
Acontecerá
apenas que o estado de barbárie se instalará de forma tal que o caos
transformará tudo em cinzas. Mas não sem antes tornar o homem ainda mais lobo
do próprio homem, as relações sociais e de parentesco se tornarem totalmente
inexistentes, as pessoas viverem amedrontadas consigo mesmas e perante o
próximo e fazendo justiça com as próprias mãos. Quer dizer, quando o mundo
estiver devastado naquilo que restava de moralidade, justiça e respeito, então
nada mais fará inveja a Sodoma e Gomorra.
Como afirmado,
nenhuma exacerbação pessimista nestas palavras. As situações da vida e as
pessoas se transformam tão rapidamente, e tão negativamente, que chegará ao
estágio de insuportabilidade. As ações humanas pressionam de tal forma o mundo
que este abdicará de acolher os seus. E cada um que sobreviva com o que restar.
Qual mundo suportará abrigar a devassidão sexual, a violência gratuita, feras
tão inimigas entre si?
Contudo, o que
realmente espanta é que as pessoas parecem não estar nem um pouco preocupadas
com o caos e as cinzas que se anunciam. Talvez achem que não estarão mais
presentes para vivenciar o pior. E por isso mesmo vão semeando agora os grãos
já apodrecidos da irresponsabilidade e da incoerência. Não sabendo, porém, que
já se alimentam dos frutos amargos da insegurança e do medo a cada instante.
Poeta e
cronista
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