Por Clerisvaldo B.
Chagas, 26 de março de 2014 - Crônica Nº
1158
ESCRITOR
E GEÓGRAFO CLERISVALDO B. CHAGAS, EXPLICA OS FENÔMENOS NO RIO IPANEMA. Foto:
Manoel Messias.
Lá íamos nós,
Clerisvaldo, Marcello Fausto, seu irmão Marcílio e Manoel Messias. Atrás seguia
a equipe de reportagem da TV Gazeta num jipão. Chegamos ao sítio Telha, nome
local, ou Cachoeiras, apelidado pelos nossos antepassados santanenses. Estava
ali o trecho mais fantástico do rio Ipanema em seus 220 km de extensão. Tudo
intacto como eu o deixara ao passar ali a pé com meus companheiros Wellington
Costa e João Quem-Quem, naquela tarde abrasadora de janeiro de 1986. O longo
canhão rasgado pelo rio Ipanema, as montanhas marginais brancas e avermelhadas,
a vegetação de caatinga no terreno pedregoso que a não deixava crescer; o
extenso corredor de rochas lavadas no leito do Panema em variadíssimas formas e
dimensões pelo declive imenso, as serranias mais distantes, a solidão de
deserto e a bela e terrível paisagem num todo, deixavam-me repetir
automaticamente a frase escrita: “Tenho a impressão de está em outro planeta”.
CLERISVALDO
B. CHAGAS (CAMISA BRANCA) E EQUIPE DA TV GAZETA DE ALAGOAS. Foto: Marcello
Fausto.
Quando o
repórter se chegou a mim, repetiu a mesma frase, como se tivesse lido meus
pensamentos: “Tenho impressão que estou em outro planeta”. Todos estavam
extasiados e meditativos. Como é possível um cenário deste em pleno sertão
alagoano? “Ipanema um rio macho” descreveu, a TV Gazeta de Alagoas vai
mostrá-lo ao mundo.
O santanense
dizia que a piracema esbarrava nas Cachoeiras. O peixe não chegava a Santana,
com razão. Menos de 1% da minha cidade conhece o lugar Telha.
Não se pesca
mais o pitu nas Cachoeiras para ser vendido em Sergipe. A estrada até o lugar
foi alargada. Talvez tenha surgido umas duas casas de taipa, no restante tudo
permanece igual como se o tempo nunca tivesse passado naquele fim de mundo,
naquele deserto de outro planeta repleto de macambiras, facheiros e cobras
venenosas.
CLERISVALDO,
MANOEL MESSIAS E MARCÍLIO NA CAATINGA DO SÍTIO TELHA. Foto: Marcello Fausto.
Estávamos ali
entre 6 e 8 km do povoado Barra do Panema, município de Belo Monte. Após
filmagens, fotos e entrevistas, juntamos o material de pesquisa, retornamos
pela mesma estrada em forma de corredor até a principal que leva ao povoado.
Tarde do dia 21 de março de 2014.
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