Por Clerisvaldo B.
Chagas, 24 de janeiro de 2014 - Crônica Nº
1127
Cachaça,
Branquinha, Caninha, Moça Branca, Cana, Marvada, Pinga e outras denominações
populares, elevaram o destilado de cana-de-açúcar ao primeiro lugar entre as
bebidas brasileiras. Quem bebe muito, é chamado de cachaceiro, ébrio, pinguço e
outras denominações nos mais variados recantos da pátria amada. Bebe-se a
“marvada” limpinha, com laranja, com o caju, com torreiro, com buchada, queijo
e até sopa.
Dizem que ela serve para lembrar, esquentar, “espaiar” o sangue,
criar coragem, pegar boi no mato, matar gente e fazer caipirinha. Uns falam que
a “bicha é boa que só a gota serena”, outros “que é ruim que só a bexiga”. Um
sujeito comentava que “foi o cão quem a inventou”.
E assim,
muitos desfilaram com ela rumo ao cemitério, juntamente com o companheiro
inseparável, cujo nome era cigarro. Uns bebem a dose de uma só vez, estalam os
dedos no ar e não cospem. Outros cospem no pé do balcão. Alguns não bebem toda,
deixa um pouco para o santo. Tem os que choram quando bebem, os que ficam
ricos, os que viram valentes. E o engenho moendo... E o engenho moendo.
O engraçado
bebe e fala suas loas:
“A cachaça é
moça branca
Filha do pardo
trigueiro
Quem bebe
muita cachaça
Não pode
juntar dinheiro”.
O que só sabe
loa torta apela parodiando
“A cachaça é
moça branca
Filha dos
seiscentos diabo
Tu que sobe
pra cabeça, peste!
Por que não
desce pra o rabo?...”
Dizem que para
testar a memória de Camões, um indivíduo teria perguntado a ele qual a coisa
mais gostosa do mundo e ele teria respondido: o ovo. Um ano depois o mesmo
indivíduo encontrou-o na rua e gritou de lá: “Com que Camões?” E ele teria
respondido sem pestanejar: “Com sal”.
Encontrando
com um amigo, regenerado da cachaça há quinze anos, mostrei a ele um caju,
grande, vermelho e brilhante, sem dizer-lhe absolutamente nada. Ele colocou
brilho nos olhos, não sei se foi de saudade ou de vitória e murmurou: É IRMÃO
DELA!
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