AMIGO DA ARTE,
o novo álbum de ALCEU VALENÇA, é, nas palavras de seu autor, “um roteiro
conceitual e cinematográfico pelo carnaval de Pernambuco”. Inteiramente
dedicado aos gêneros que compõem a folia do Nordeste, o disco alinhava frevos,
maracatus, caboclinhos e cirandas, numa amálgama personalíssima que condensa a
própria trajetória de Alceu. As vendas digitais começam em 4/02, via I Tunes,
Rdio, Deezer, Spotify. O CD chega às lojas antes do carnaval. O lançamento é da
Deck (www.deckdisc.com.br)
Quando se
mudou do agreste pernambucano, onde nasceu, para o litorâneo Recife, por volta
dos dez anos de idade, Valença foi imediatamente capturado pela magia do
carnaval. A Rua dos Palmares, primeiro endereço da família na capital, era,
segundo um neologismo cunhado por Alceu, uma rua “carnavalódroma”: “Ali,
passavam os principais blocos da folia. Não bastasse isso, éramos vizinhos de
Nelson Ferreira, o maior dos maestros do frevo”, alinhava o cantor.
Alceu,
entretanto, precisou de muitos carnavais para aventurar-se como intérprete do
gênero. Foi por insistência do poeta, compositor e parceiro, Carlos Fernando,
que Valença finalmente capitulou. Idealizador do projeto “Asas da América”, que
conferiu matizes contemporâneas ao frevo, na virada das décadas de 70 para 80,
Carlinhos – a quem o disco é dedicado – venceu pelo cansaço, como explica
Alceu:
- “Jackson do
Pandeiro dizia sempre: para cantar frevo, tem que ter queixada. Minha
formação vem do agreste e do sertão. Fui criado entre xotes, baiões, cocos, emboladas,
o frevo era uma coisa complicada, cheio de síncopes e alterações rítmicas.
Hesitei muito, até que compus dois frevos com Carlinhos e percebi que eu podia
cantar aquilo” – ressalta.
As músicas em
questão, “Homem da Meia-Noite” e “Sou Eu Teu Amor”, recriadas no novo CD,
seriam registradas inicialmente nos LPs do “Asas da América”: “A primeira foi
“Sou Eu teu Amor”. Carlinhos fez o refrão e a inscreveu num festival promovido
pela prefeitura do Recife. Quando a escutei, no Teatro do Parque, em Recife,
achei que precisava de uma segunda parte. Tempos depois, no Rio, completamos a
música. A gravação original tem um dueto de Jackson do Pandeiro com Gilberto
Gil. Já o “Homem da Meia-Noite” foi o primeiro frevo que gravei, a música que
me abriu os caminhos do gênero”, diz Alceu.
De lá pra cá,
o frevo tornou-se parte indissociável da persona artística de Valença, como
evidenciam “Frevo Dengoso” (parceria com João Fernando, o Don Tronxo) e “Frevo
da Lua”, feita a seis mãos com o paulista Mauricio Oliveira e o carioca Gabriel
Moura: “Fiz o refrão para meu filho Rafael, hoje com 12 anos, quando ele era
pequeno. Subíamos à varanda da minha casa, em Olinda, ele apontava o céu e
dizia: olha a lua, papai. Tempos depois, Mauricio e Gabriel me entregaram a
melodia da segunda parte e eu fiz a letra. É uma homenagem a Olinda e a Recife,
a síntese do carnaval pernambucano” – destrincha o cantor.
A atmosfera
olindense permeia todo o álbum. A capa reproduz o convite de casamento de Alceu
com Yanê Montenegro, com arte da pintora Marisa Lacerda, mesma autora da capa
de “Maracatus, Batuques e Ladeiras”, o que confere um diálogo explícito com o
LP lançado em 1994: “Há uma complementaridade entre os dois discos, que possuem
Olinda como tema. A maioria das gravações aconteceu entre 2000 e 2001, período
do meu casamento com Yanê e do nascimento de Rafael. O disco representa o alto
astral que vivíamos na época” – celebra.
A saudade é a
marca de uma das vertentes do frevo, o frevo-canção ou frevo de bloco, mais
dolente e menos explosivo que os chamados frevos de rua. Aqui, Alceu recria o
clássico “Frevo N° 1”, de Antonio Maria, em dueto com a cantora portuguesa CARMINHO,
em gravação que ressalta a influência ibérica do gênero: “Tenho um fascínio
imenso por Portugal. As melodias nostálgicas, a presença mourisca, a guitarra
portuguesa no fado e o bandolim no frevo são elos entre estes gêneros. Quando
vi Carminho cantando, no Theatro Municipal do Rio, não me contive e a aplaudi
de pé. Foi aí que decidi convidá-la para fazer este dueto comigo. Fiquei
emocionado com o resultado, chorei várias vezes” – assume.
Dentre os
clássicos, está também o apoteótico “Voltei, Recife”, de Luiz Bandeira, cuja
popularidade se deu através da recriação de Alceu, no LP “Asas da América”.
Tornou-se um hino do carnaval pernambucano, ponto alto do tradicional show de
Alceu Valença no encerramento da folia recifense, a cada ano, no Marco Zero.
Como nem só de
frevo vive o carnaval de Pernambuco, outros estilos integram o novo álbum. “Maracatu”,
poema de Ascenso Ferreira, musicado por Alceu e lançado no disco
“Cavalo-de-Pau” (1982), é recriado com o peso das guitarras de Paulo Rafael e a
percussão de origem afro, desenvolvida nos canaviais da zona da mata. A “Ciranda
da Aliança”, parceria com Emanuel Cavalcanti, destaca o gênero desenvolvido por
nomes como Baracho e Lia de Itamaracá, com apoio de um coro de lavadeiras,
típico das cirandas da ilha consagrada no sobrenome de Lia.
Já o
caboclinho, ritmo de origem indígena, aparece em duas composições: “Nas Asas do
Passarinho” (outra parceria com Don Tronxo) e a faixa-título, “Amigo da Arte”,
completam a influência das três raças na grande festa pernambucana.
Diz Alceu: “Nos anos 80, eu costumava dirigir meu jipe até a zona da mata, para
assistir aos maracatus rurais e aos caboclinhos. Uma vez, voltando para Olinda,
me deparei com vários caboclos de lança, a caráter, em meio a um canavial.
Parei o carro, pintei a cara, vesti minha fantasia de Carlitos, e fui cantar com
eles”. Foi assim que surgiu “Amigo da Arte”, lançada no disco “Rubi” (1986).
Outras três
composições cantam Olinda, uma das cidades mais homenageadas do cancioneiro
brasileiro, que tem em Alceu Valença seu maior poeta. São elas “Pirata de José”,
“Olinda” e “Sonhos de Valsa”: “O roteiro começa com “Olinda”, que apresenta a
cidade antes dos dias de folia, onde reina a paz dos mosteiros da Índia.
Pode-se deitar na rede, ouvir os passarinhos, meditar entre coqueiros,
amangueiras e igrejas. E termina em “Sonhos de Valsa”, ambientada numa
quarta-feira de cinzas. Fala da saudade do carnaval que passou, da saudade
lusitana, do banzo afro, mas também do sonho, que é o éter do carnaval” –
arremata o amigo da arte.
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