Ronald Gurgel:
“O trabalho é um dos vícios mais saudáveis que existem”
Rodrigo Sena
Sílvia Ribeiro Dantas - Repórter de Economia
Às vésperas de completar 47 anos de atuação, a Saci Material de Construção passa por um processo de transição, após ser vendida para a rede mossoroense A Construtora. Devido à força da marca, mesmo com a mudança de comando, o nome Saci continuará a fazer parte do cenário natalense. Uma das mais tradicionais lojas do setor e que por muitos anos foi referência para o mercado em Natal, a Saci começou a partir de uma fábrica de mosaicos, no Alecrim, bairro que era considerado muito distante do centro comercial da capital. Desde então, houve inúmeras modificações no setor e a empresa acompanhou essa evolução através de iniciativas como a transferência da indústria para o bairro da Cidade da Esperança, em Natal, a abertura de outra unidade da loja de materiais de construção na cidade de Parnamirim, a criação do serviço de atendimento Tele-saci e do cartão de crédito Saci Card. Entre as características que conferem tradição à Saci estão o atendimento personalizado, realizado por funcionários que chegam a ter mais de 20 anos de atuação na loja, além da manutenção da sede no mesmo endereço onde funcionava a fábrica que originou a empresa, na avenida Presidente Bandeira. Nesta entrevista, o empresário e engenheiro Ronald Gurgel conta um pouco da história da Saci Material de Construção, que fundou em outubro de 1962, ao lado do sócio Héber Costa. Durante toda a conversa, o empresário deixou transparecer uma enorme satisfação em dirigir a empresa, chegando a se emocionar ao falar sobre a venda da loja, ocorrida na terça-feira passada. Como teve início a história da Saci Material de Construção?
A Saci começou como uma fábrica de mosaicos, no endereço em que a loja funciona até hoje, no bairro do Alecrim. Esta fábrica pertencia ao tio de Héber, meu sócio, que a colocou à venda. Naquele tempo eu construía e comprava material nesta firma, onde Héber trabalhava também. Então, ele sugeriu que eu comprasse a fábrica, mas eu falei que não sabia nada deste tipo de negócio e ele me respondeu que entendia e trabalharia comigo. Daí nasceu essa sociedade, em 1962. A atividade da empresa era a fabricação de mosaicos, ladrilhos hidráulicos, cobogós, marmorites e afins. É preciso dizer que quando eu e Héber iniciamos a sociedade havia grande dificuldade no trato com os funcionários, por causa do sindicato da construção civil, que era comandado por um comunista e já no dia em que a gente chegou para assumir o nosso novo negócio, a fábrica estava em greve. Depois que a situação se resolveu, nós começamos a trabalhar e na segunda greve que tivemos que enfrentar, os operários já estavam do nosso lado. Então fechamos o portão, eles continuaram a trabalhar, só que os ativistas do sindicato começaram a bater no portão da fábrica e mandamos que parassem as atividades. Antes da revolução, os sindicalistas eram muito ativos. Outra coisa, eu e Héber descobrimos que a sede da fábrica era um lugar muito longe, a rua nem era calçada ainda. Lá na Ribeira, que era o centro do comércio aqui de Natal, onde tudo acontecia, as pessoas se referiam a nós dois dizendo que éramos rapazes loucos e costumavam perguntar quem iria ao Alecrim comprar alguma coisa. No entanto, hoje um dos nossos pecados é estar demais no centro de Natal.
Como se deu a expansão da loja?
Isso ocorreu naturalmente, com muito trabalho no dia a dia, durante os últimos 46 anos. O espaço comercial, a gente começou por uma coincidência. Passando em um estabelecimento no centro da cidade, vimos uma promoção de 100 bacias sanitárias e quando chegamos na nossa empresa, eu e Héber procuramos saber o preço desse material na fábrica. Percebemos que a loja na cidade estava vendendo por um preço bem abaixo, então compramos essas 100 bacias sanitárias, que saíram da loja rapidamente. Isso nos fez dispensar uma parte da fábrica para o espaço comercial e começamos a comprar e revender produtos de material de construção, ao mesmo tempo em que continuávamos fabricando aqueles produtos que te falei anteriormente. Em pouco tempo, cerca de seis anos, o comércio expulsou a indústria aqui do endereço do Alecrim e ela foi para a Amintas Barros, que era outro deserto naquela época.
Hoje ainda existe a indústria?
Sim, mas não mais nesse endereço. O terreno da Amintas Barros agora foi disponibilizado para a construção de um edifício comercial, com participação nossa nas salas.
Quantas unidades a empresa possui atualmente?
Duas lojas, sendo a matriz, em Natal, e uma na cidade de Parnamirim. Tem também a fábrica de artefatos de cimento, que é a fábrica original, uma vez que o ladrilho hidráulico e cobogó foi o que originou a empresa. Essa indústria fica na Cidade da Esperança, e produz blocos estruturais, pisos intertravados, diversos artefatos de cimento, como cobogós, escadas helicoidais, caixas de ar condicionado e mosaicos, além das argamassas e rejuntes da linha Sacicola.
A Saci atua apenas no Rio Grande do Norte ou chega também a outros Estados?
A nossa atuação é apenas na Grande Natal, porque esses artefatos de cimento possuem um raio de comercialização muito pequeno, devido ao seu peso. Então, cada localidade tem uma fábrica desse tipo. Fazer uma laje e mandar para Recife, nem pensar.
Por que o nome Saci?
A escolha do nome partiu de Héber. A fábrica que compramos se chamava Granitex e Héber sugeriu a mudança do nome para uma palavra prática, simples, e pensou no Saci, que é a figura de um moleque meio travesso e irreverente. Dessa forma, ele criou essa marca, que nós adotamos e permanece até hoje.
Quais são os diferenciais da empresa, no mercado?
A Saci sempre teve como maior diferencial, a qualidade no atendimento, que é feito de uma forma tradicional. A loja tem um público muito fiel, que vem pela tradição e pelo atendimento personalizado, com vendedores que já trabalham no ramo há muito tempo e entendem de material de construção. Agora que a loja vai passar por uma transição, é bom destacar que a nova administração pretende manter todas essas características, os pontos fortes, que fizeram a diferença nesses 46 anos.
Por qual motivo foi tomada a decisão de vender a Saci?
Havia a intenção de descontinuar a atividade, pois eu e Héber temos 74 anos, já estamos aposentados há uns 15 anos, porém continuamos a trabalhar. Então, a venda ocorreu pela minha idade e um certo desinteresse dos possíveis sucessores, os filhos, que tem projetos diversos e não são encantados com a atividade. A decisão de venda, na verdade, veio de um planejamento estratégico que foi feito para a empresa, através do qual se percebeu que cada um tinha outros interesses, além da continuidade deste negócio. A determinação por vender foi a solução menos traumática encontrada, porque fechar uma empresa é uma situação muito complicada.
Para o senhor, como foi decidir vender a Saci?
É muito difícil. É, foi e está sendo muito difícil. Mesmo depois de fechar a transação, não está fácil.
O que levou o senhor a escolher a rede A Construtora, para fechar o negócio?
A partir do interesse em descontinuar, ouvimos alguns interessados. Ficamos muito felizes com a proposta apresentada pela A Construtora, por não ser uma mera transação financeira, já que a rede se propôs a manter as tradições, a bandeira, o nome Saci. Também devem manter os funcionários, alguns que já tem até 30 anos de casa. Isso não vai desaparecer e alguém no mercado talvez nem note que houve essa mudança. Por ser uma empresa que tem os valores bem parecidos com os da Saci, acredito que foi acertada a escolha da Construtora. Por coincidência, tanto eu quanto Genivan Batista (proprietário da rede A Construtora) somos de Mossoró e isso é um ponto fortíssimo, pois assim Mossoró continua à frente da Saci. Embora eu tenha vindo para Natal aos 11 anos de idade, as raízes se mantém.
Quais são os planos para o futuro do empresário Ronald Gurgel?
Eu, na companhia de Héber, vou manter a fábrica de artefatos de cimento. Não se sabe por quanto tempo, mas é uma coisa que eu gosto muito de acompanhar.
Qual a análise que o senhor faz do segmento, desde o surgimento da Saci até hoje?
Passamos por muitas mudanças, nesse período. A atividade, no início, era bem pequena e foi crescendo junto com Natal, com o país, com a economia. Também é muito mais profissional e competitiva, já que hoje a concorrência é muito grande. Acho que atualmente devem existir em torno de mil lojas de material de construção em Natal, enquanto na época em que abrimos devia ter pouco mais de 10 a serem consideradas.
O senhor já atuou em alguma outra área profissional?
Logo no começo das minhas atividades, fui convidado a ser secretário de obras e viação da prefeitura de Natal, quando o prefeito era Agnelo Alves, e depois de um tempo pedi demissão porque ia trazer a indústria de pré-fabricados para a cidade. Posteriormente, fui convidado para assumir a Secretaria de Transportes e Obras Públicas do estado, no governo Geraldo Melo, e exerci essa função durante dois anos e meio, deixando a firma nas mãos de Héber. Depois disso fui diretor-presidente da Codern (Companhia Docas do Rio Grande do Norte), que administrava os portos de Natal(RN), Areia Branca (RN), Maceió (AL), Recife (PE) e Cabedelo (PB), que assumi por influência do meu sobrinho Flávio Rocha, mas a política me tirou de lá, graças a Deus. Achei tudo muito diferente de uma empresa privada, onde a gente quer desenvolver alguma coisa e faz isso tranquilamente, enquanto no governo tudo precisa passar por processos muito longos.
Durante toda a entrevista, o senhor citou sempre o seu sócio, Héber Costa. Qual a importância dessa relação para o senhor?
Acredito que a importância de Héber para mim é maior do que a minha para ele. Héber foi meu braço direito, meu braço esquerdo, às vezes as pernas, durante todo esse tempo. A gente se conheceu na própria empresa, que era do tio dele e depois passou a ser nossa, onde ele vendia e eu comprava material. Foi lá que ele me informou que o tio queria vender a fábrica e sugeriu que eu comprasse. A nossa relação é baseada no respeito e convivemos sempre sem uma briga. Os sócios se desentendem por aí, por faltar respeito entre eles.
Qual é a grande lição que o senhor tira desse tempo à frente da Saci?
As pessoas às vezes dizem que quem trabalha tanto tempo assim possui muita experiência, mas acredito que não é tanta experiência, já que tem muita repetição no nosso trabalho. Para mim, o aprendizado é que temos que trabalhar, porque trabalhar é viver e eu não saberia viver sem trabalhar. Acho que o trabalho é um dos vícios mais saudáveis que existem. Por isso mesmo é que pretendo continuar e não vamos parar de maneira nenhuma. Passaremos para uma atividade menor e condizente com a disposição que nós ainda temos.
Fonte: http://tribunadonorte.com.br/news.php?not_id=123826
Rodrigo Sena
Sílvia Ribeiro Dantas - Repórter de Economia
Às vésperas de completar 47 anos de atuação, a Saci Material de Construção passa por um processo de transição, após ser vendida para a rede mossoroense A Construtora. Devido à força da marca, mesmo com a mudança de comando, o nome Saci continuará a fazer parte do cenário natalense. Uma das mais tradicionais lojas do setor e que por muitos anos foi referência para o mercado em Natal, a Saci começou a partir de uma fábrica de mosaicos, no Alecrim, bairro que era considerado muito distante do centro comercial da capital. Desde então, houve inúmeras modificações no setor e a empresa acompanhou essa evolução através de iniciativas como a transferência da indústria para o bairro da Cidade da Esperança, em Natal, a abertura de outra unidade da loja de materiais de construção na cidade de Parnamirim, a criação do serviço de atendimento Tele-saci e do cartão de crédito Saci Card. Entre as características que conferem tradição à Saci estão o atendimento personalizado, realizado por funcionários que chegam a ter mais de 20 anos de atuação na loja, além da manutenção da sede no mesmo endereço onde funcionava a fábrica que originou a empresa, na avenida Presidente Bandeira. Nesta entrevista, o empresário e engenheiro Ronald Gurgel conta um pouco da história da Saci Material de Construção, que fundou em outubro de 1962, ao lado do sócio Héber Costa. Durante toda a conversa, o empresário deixou transparecer uma enorme satisfação em dirigir a empresa, chegando a se emocionar ao falar sobre a venda da loja, ocorrida na terça-feira passada. Como teve início a história da Saci Material de Construção?
A Saci começou como uma fábrica de mosaicos, no endereço em que a loja funciona até hoje, no bairro do Alecrim. Esta fábrica pertencia ao tio de Héber, meu sócio, que a colocou à venda. Naquele tempo eu construía e comprava material nesta firma, onde Héber trabalhava também. Então, ele sugeriu que eu comprasse a fábrica, mas eu falei que não sabia nada deste tipo de negócio e ele me respondeu que entendia e trabalharia comigo. Daí nasceu essa sociedade, em 1962. A atividade da empresa era a fabricação de mosaicos, ladrilhos hidráulicos, cobogós, marmorites e afins. É preciso dizer que quando eu e Héber iniciamos a sociedade havia grande dificuldade no trato com os funcionários, por causa do sindicato da construção civil, que era comandado por um comunista e já no dia em que a gente chegou para assumir o nosso novo negócio, a fábrica estava em greve. Depois que a situação se resolveu, nós começamos a trabalhar e na segunda greve que tivemos que enfrentar, os operários já estavam do nosso lado. Então fechamos o portão, eles continuaram a trabalhar, só que os ativistas do sindicato começaram a bater no portão da fábrica e mandamos que parassem as atividades. Antes da revolução, os sindicalistas eram muito ativos. Outra coisa, eu e Héber descobrimos que a sede da fábrica era um lugar muito longe, a rua nem era calçada ainda. Lá na Ribeira, que era o centro do comércio aqui de Natal, onde tudo acontecia, as pessoas se referiam a nós dois dizendo que éramos rapazes loucos e costumavam perguntar quem iria ao Alecrim comprar alguma coisa. No entanto, hoje um dos nossos pecados é estar demais no centro de Natal.
Como se deu a expansão da loja?
Isso ocorreu naturalmente, com muito trabalho no dia a dia, durante os últimos 46 anos. O espaço comercial, a gente começou por uma coincidência. Passando em um estabelecimento no centro da cidade, vimos uma promoção de 100 bacias sanitárias e quando chegamos na nossa empresa, eu e Héber procuramos saber o preço desse material na fábrica. Percebemos que a loja na cidade estava vendendo por um preço bem abaixo, então compramos essas 100 bacias sanitárias, que saíram da loja rapidamente. Isso nos fez dispensar uma parte da fábrica para o espaço comercial e começamos a comprar e revender produtos de material de construção, ao mesmo tempo em que continuávamos fabricando aqueles produtos que te falei anteriormente. Em pouco tempo, cerca de seis anos, o comércio expulsou a indústria aqui do endereço do Alecrim e ela foi para a Amintas Barros, que era outro deserto naquela época.
Hoje ainda existe a indústria?
Sim, mas não mais nesse endereço. O terreno da Amintas Barros agora foi disponibilizado para a construção de um edifício comercial, com participação nossa nas salas.
Quantas unidades a empresa possui atualmente?
Duas lojas, sendo a matriz, em Natal, e uma na cidade de Parnamirim. Tem também a fábrica de artefatos de cimento, que é a fábrica original, uma vez que o ladrilho hidráulico e cobogó foi o que originou a empresa. Essa indústria fica na Cidade da Esperança, e produz blocos estruturais, pisos intertravados, diversos artefatos de cimento, como cobogós, escadas helicoidais, caixas de ar condicionado e mosaicos, além das argamassas e rejuntes da linha Sacicola.
A Saci atua apenas no Rio Grande do Norte ou chega também a outros Estados?
A nossa atuação é apenas na Grande Natal, porque esses artefatos de cimento possuem um raio de comercialização muito pequeno, devido ao seu peso. Então, cada localidade tem uma fábrica desse tipo. Fazer uma laje e mandar para Recife, nem pensar.
Por que o nome Saci?
A escolha do nome partiu de Héber. A fábrica que compramos se chamava Granitex e Héber sugeriu a mudança do nome para uma palavra prática, simples, e pensou no Saci, que é a figura de um moleque meio travesso e irreverente. Dessa forma, ele criou essa marca, que nós adotamos e permanece até hoje.
Quais são os diferenciais da empresa, no mercado?
A Saci sempre teve como maior diferencial, a qualidade no atendimento, que é feito de uma forma tradicional. A loja tem um público muito fiel, que vem pela tradição e pelo atendimento personalizado, com vendedores que já trabalham no ramo há muito tempo e entendem de material de construção. Agora que a loja vai passar por uma transição, é bom destacar que a nova administração pretende manter todas essas características, os pontos fortes, que fizeram a diferença nesses 46 anos.
Por qual motivo foi tomada a decisão de vender a Saci?
Havia a intenção de descontinuar a atividade, pois eu e Héber temos 74 anos, já estamos aposentados há uns 15 anos, porém continuamos a trabalhar. Então, a venda ocorreu pela minha idade e um certo desinteresse dos possíveis sucessores, os filhos, que tem projetos diversos e não são encantados com a atividade. A decisão de venda, na verdade, veio de um planejamento estratégico que foi feito para a empresa, através do qual se percebeu que cada um tinha outros interesses, além da continuidade deste negócio. A determinação por vender foi a solução menos traumática encontrada, porque fechar uma empresa é uma situação muito complicada.
Para o senhor, como foi decidir vender a Saci?
É muito difícil. É, foi e está sendo muito difícil. Mesmo depois de fechar a transação, não está fácil.
O que levou o senhor a escolher a rede A Construtora, para fechar o negócio?
A partir do interesse em descontinuar, ouvimos alguns interessados. Ficamos muito felizes com a proposta apresentada pela A Construtora, por não ser uma mera transação financeira, já que a rede se propôs a manter as tradições, a bandeira, o nome Saci. Também devem manter os funcionários, alguns que já tem até 30 anos de casa. Isso não vai desaparecer e alguém no mercado talvez nem note que houve essa mudança. Por ser uma empresa que tem os valores bem parecidos com os da Saci, acredito que foi acertada a escolha da Construtora. Por coincidência, tanto eu quanto Genivan Batista (proprietário da rede A Construtora) somos de Mossoró e isso é um ponto fortíssimo, pois assim Mossoró continua à frente da Saci. Embora eu tenha vindo para Natal aos 11 anos de idade, as raízes se mantém.
Quais são os planos para o futuro do empresário Ronald Gurgel?
Eu, na companhia de Héber, vou manter a fábrica de artefatos de cimento. Não se sabe por quanto tempo, mas é uma coisa que eu gosto muito de acompanhar.
Qual a análise que o senhor faz do segmento, desde o surgimento da Saci até hoje?
Passamos por muitas mudanças, nesse período. A atividade, no início, era bem pequena e foi crescendo junto com Natal, com o país, com a economia. Também é muito mais profissional e competitiva, já que hoje a concorrência é muito grande. Acho que atualmente devem existir em torno de mil lojas de material de construção em Natal, enquanto na época em que abrimos devia ter pouco mais de 10 a serem consideradas.
O senhor já atuou em alguma outra área profissional?
Logo no começo das minhas atividades, fui convidado a ser secretário de obras e viação da prefeitura de Natal, quando o prefeito era Agnelo Alves, e depois de um tempo pedi demissão porque ia trazer a indústria de pré-fabricados para a cidade. Posteriormente, fui convidado para assumir a Secretaria de Transportes e Obras Públicas do estado, no governo Geraldo Melo, e exerci essa função durante dois anos e meio, deixando a firma nas mãos de Héber. Depois disso fui diretor-presidente da Codern (Companhia Docas do Rio Grande do Norte), que administrava os portos de Natal(RN), Areia Branca (RN), Maceió (AL), Recife (PE) e Cabedelo (PB), que assumi por influência do meu sobrinho Flávio Rocha, mas a política me tirou de lá, graças a Deus. Achei tudo muito diferente de uma empresa privada, onde a gente quer desenvolver alguma coisa e faz isso tranquilamente, enquanto no governo tudo precisa passar por processos muito longos.
Durante toda a entrevista, o senhor citou sempre o seu sócio, Héber Costa. Qual a importância dessa relação para o senhor?
Acredito que a importância de Héber para mim é maior do que a minha para ele. Héber foi meu braço direito, meu braço esquerdo, às vezes as pernas, durante todo esse tempo. A gente se conheceu na própria empresa, que era do tio dele e depois passou a ser nossa, onde ele vendia e eu comprava material. Foi lá que ele me informou que o tio queria vender a fábrica e sugeriu que eu comprasse. A nossa relação é baseada no respeito e convivemos sempre sem uma briga. Os sócios se desentendem por aí, por faltar respeito entre eles.
Qual é a grande lição que o senhor tira desse tempo à frente da Saci?
As pessoas às vezes dizem que quem trabalha tanto tempo assim possui muita experiência, mas acredito que não é tanta experiência, já que tem muita repetição no nosso trabalho. Para mim, o aprendizado é que temos que trabalhar, porque trabalhar é viver e eu não saberia viver sem trabalhar. Acho que o trabalho é um dos vícios mais saudáveis que existem. Por isso mesmo é que pretendo continuar e não vamos parar de maneira nenhuma. Passaremos para uma atividade menor e condizente com a disposição que nós ainda temos.
Fonte: http://tribunadonorte.com.br/news.php?not_id=123826
Enviado pelo pesquisador José Edilson de Albuquerque Guimarães Segundo
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