Comunicação Pôster
Marcelo Bezerra de Morais[1]
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”- UNESP
morais.mbm@gmail.com
Partindo de algum ponto
Marcelo Bezerra de Morais[1]
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”- UNESP
morais.mbm@gmail.com
Partindo de algum ponto
Esse trabalho de pesquisa tem
como objetivo geral compreender e construir uma versão histórica de como se deu
a formação de professores de Matemática, que atuavam nos níveis que
correspondem atualmente aos ensinos fundamental e médio, na região de Mossoró,
no período anterior ao ano de 1974, e específicos: identificar e descrever qual
formação tinham os professores que lecionavam Matemática na região de Mossoró,
antes da implantação do curso de Licenciatura em Matemática; por meio de
depoimentos de professores, elaborar uma compreensão dos cursos, ou programas,
responsáveis pela formação de professores na região de Mossoró, à época; elaborar
uma versão – uma mobilização – de como os professores, no período de interesse,
articularam suas práticas frente às reformulações dos currículos escolares.
Esses objetivos de pesquisa se delinearam por Mossoró ser, juntamente com algumas outras cidades, uma das mais importantes regiões do Estado. A cidade de Mossoró se destaca na região que está localiza, por muitos aspectos, um deles é o econômico: segundo Costa (2008, p. 97) a cidade tem por base econômica “a exploração do sal, do gesso, do petróleo e do cimento [...], riquezas essas que aliadas a outras produções industriais, fazem de Mossoró, uma cidade pólo de crescimento na região Nordeste”, dando ainda destaque à produção agrícola da fruticultura irrigada e abundância de águas termais na cidade, que fortalecem ainda mais sua economia.
Outro aspecto que poderíamos ainda destaca é o cultural: Costa (2008) destaca, da cultura Mossoroense, os grandes escritores (cordelistas e/ou repentistas, poetas, cronistas, entre outros), artistas, eventos, pontos turísticos, entre muitos outros fatores culturais fortes na cidade.
Entretanto, gostaríamos de ressaltar o aspecto educacional, em específico, no que se refere à formação de professores de Matemática. A cidade possui hoje três cursos de licenciatura em Matemática, ofertados por instituições públicas de ensino, mostrando-se também como um pólo de formação de professores de Matemática para a região de Mossoró. Os cursos são ofertados pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), pelo Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) e pela Universidade Federal Rural do Semi Árido (UFERSA), este último possui a oferta em formato de Educação a Distância (EaD).
E antes do ponto de partida...
Conforme o Projeto Político Pedagógico do curso de Licenciatura em Matemática da UERN, este é o curso mais antigo da região, “foi criado através do Decreto Municipal nº 21/73, e implantado em 1974, tendo a sua oferta suspensa, em 1981, quando houve sua transformação em Curso de Ciências (licenciatura curta) com habilitação plena em Matemática no período de 1981 a 1992” (Projeto Político Pedagógico, 2009, p. 3).
O curso retomou a oferta como curso de Matemática, licenciatura plena, em 1993 conforme Resolução nº 07/93-CONSUNI, e seu reconhecimento se deu através da Portaria Nº 1.115/96-MEC de 01 de novembro de 1996, com validade de cinco anos, publicada no Diário Oficial da União de 05/12/96.
Pensando então sobre esses cursos, nos questionamos quanto à formação de professores de Matemática na região antes da criação do curso mais antigo: se este curso data como marca de sua criação o ano de 1974, como se dava a formação deste profissional antes desse período? A região não contava com oferta regular, alguma, de curso superior de formação de professores de matemática? Havia professores de matemática na região?
Encontramos, em nossas pesquisas, falando sobre a capacitação de professores de matemática naquela região, o trabalho de Gutierre (2008, p.76) afirmando que foi realizado
[...] no período de 8 de janeiro a 26 de fevereiro de 1965, o III curso de treinamento de professores leigos da cidade de Natal, Mossoró, Caicó, Santa Cruz, Pau dos Ferros, Angicos e São José do Mipibu. [...] O objetivo geral do curso era ‘melhorar o nível técnico pedagógico dos professores, assegurando-lhes melhorias de vencimento e melhores condições de trabalho’.
Porém, o mesmo retrata sobre uma formação continuada, ou o que podemos chamar de capacitação de professores que já atuavam lecionando matemática neste período. Assim, nos perguntamos quem foram os professores que participaram desta capacitação? Qual o perfil dos professores de Matemática que lecionavam nesta região? Onde eles se formaram, haja vista a ausência de cursos na região? Como foram suas formações? Foi suficiente para suprir suas necessidades enquanto professores de matemática?
Assim, com a finalidade de esboçarmos compreensões a cerca das questões e dos objetivos apresentados e também de fornecermos as fontes necessárias para a construção de uma versão histórica sobre a formação de professores na região de Mossoró, decidimos fazer o uso da História Oral Temática como metodologia de pesquisa, pois esta trabalha
[...] com o testemunho oral de indivíduos ligados por traços comuns. A utilização desta metodologia [...] fornece novas perspectivas para o entendimento do passado recente, possibilitando o conhecimento de diferentes versões sobre determinado tema. O testemunho oral, obtido através de entrevistas, constitui-se como o núcleo da investigação, ou seja, o trabalho investigativo leva em conta as trajetórias individuais, eventos ou processos que não poderiam ser compreendidos de outra maneira. Isso obriga o pesquisador a buscar respaldo em outros referenciais teóricos, principalmente os que discutem sobre as relações entre escrita e oralidade, memória e história, tradição oral, bem como sobre os conceitos apontados pelos colaboradores. (BARALDI, 2003, p. 216).
A História Oral produz narrativas orais, que são narrativas de memórias e que, por não “apreender a totalidade de uma experiência, nem mesmo a entrevista que se prolonga por várias seções, como no caso, às vezes, da história de vida” (POUPART, 2010, p. 225), não possuem a intenção de construir uma história totalizante ou, tampouco, tentar provar uma verdade absoluta.
Assim, adotamos como metodologia de pesquisa a História Oral Temática, entendendo ser essa uma pesquisa contida no paradigma qualitativo por: não trabalharmos com a possibilidade de afirmação ou refutação de uma hipótese inicialmente levantada; não propormos a imparcialidade do pesquisador no trato com os dados, sabendo que este estará analisando-os segundo suas vivências e experiências, acompanhando-os às lentes de autores de seu referencial teórico; sabermos que os mesmos dados aqui trabalhados poderiam, por outras lentes, ser ressignificadas, contando assim outras versões históricas e; não buscarmos uma totalização, generalização, dos resultados encontrados. (GOLDENBERG, 2004; GARNICA, 2007).
Entendemos que metodologia é um “conjunto de procedimentos que não teriam sentido sem uma fundamentação” (GARNICA, FERNANDES e SILVA, 2011, p. 232). Certamente trata-se de um conjunto de procedimentos que consideramos legítimos para produzir pesquisas com História Oral no campo de conhecimentos da Educação Matemática (mas não apenas, ou exclusivamente), “mas, além disso, trata-se de saber quais as potencialidades e os limites dessas ações, quais seus fundamentos, qual o terreno em que tais ações se assentam” (Ibidem, p. 233).
Com isso, mobilizamos sua teoria, seus entendimentos, seus procedimentos, para que compreendamos, em uma operação historiográfica, como se dava a formação dos professores que atuavam no ensino de matemática na região de Mossoró, localizada no interior do Rio Grande do Norte, tendo como ponta de iceberg[2] para nossa investigação a data de criação do mais antigo curso de Matemática (daquela região), ocorrido no ano de 1974.
CONTINUA...
Esses objetivos de pesquisa se delinearam por Mossoró ser, juntamente com algumas outras cidades, uma das mais importantes regiões do Estado. A cidade de Mossoró se destaca na região que está localiza, por muitos aspectos, um deles é o econômico: segundo Costa (2008, p. 97) a cidade tem por base econômica “a exploração do sal, do gesso, do petróleo e do cimento [...], riquezas essas que aliadas a outras produções industriais, fazem de Mossoró, uma cidade pólo de crescimento na região Nordeste”, dando ainda destaque à produção agrícola da fruticultura irrigada e abundância de águas termais na cidade, que fortalecem ainda mais sua economia.
Outro aspecto que poderíamos ainda destaca é o cultural: Costa (2008) destaca, da cultura Mossoroense, os grandes escritores (cordelistas e/ou repentistas, poetas, cronistas, entre outros), artistas, eventos, pontos turísticos, entre muitos outros fatores culturais fortes na cidade.
Entretanto, gostaríamos de ressaltar o aspecto educacional, em específico, no que se refere à formação de professores de Matemática. A cidade possui hoje três cursos de licenciatura em Matemática, ofertados por instituições públicas de ensino, mostrando-se também como um pólo de formação de professores de Matemática para a região de Mossoró. Os cursos são ofertados pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), pelo Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) e pela Universidade Federal Rural do Semi Árido (UFERSA), este último possui a oferta em formato de Educação a Distância (EaD).
E antes do ponto de partida...
Conforme o Projeto Político Pedagógico do curso de Licenciatura em Matemática da UERN, este é o curso mais antigo da região, “foi criado através do Decreto Municipal nº 21/73, e implantado em 1974, tendo a sua oferta suspensa, em 1981, quando houve sua transformação em Curso de Ciências (licenciatura curta) com habilitação plena em Matemática no período de 1981 a 1992” (Projeto Político Pedagógico, 2009, p. 3).
O curso retomou a oferta como curso de Matemática, licenciatura plena, em 1993 conforme Resolução nº 07/93-CONSUNI, e seu reconhecimento se deu através da Portaria Nº 1.115/96-MEC de 01 de novembro de 1996, com validade de cinco anos, publicada no Diário Oficial da União de 05/12/96.
Pensando então sobre esses cursos, nos questionamos quanto à formação de professores de Matemática na região antes da criação do curso mais antigo: se este curso data como marca de sua criação o ano de 1974, como se dava a formação deste profissional antes desse período? A região não contava com oferta regular, alguma, de curso superior de formação de professores de matemática? Havia professores de matemática na região?
Encontramos, em nossas pesquisas, falando sobre a capacitação de professores de matemática naquela região, o trabalho de Gutierre (2008, p.76) afirmando que foi realizado
[...] no período de 8 de janeiro a 26 de fevereiro de 1965, o III curso de treinamento de professores leigos da cidade de Natal, Mossoró, Caicó, Santa Cruz, Pau dos Ferros, Angicos e São José do Mipibu. [...] O objetivo geral do curso era ‘melhorar o nível técnico pedagógico dos professores, assegurando-lhes melhorias de vencimento e melhores condições de trabalho’.
Porém, o mesmo retrata sobre uma formação continuada, ou o que podemos chamar de capacitação de professores que já atuavam lecionando matemática neste período. Assim, nos perguntamos quem foram os professores que participaram desta capacitação? Qual o perfil dos professores de Matemática que lecionavam nesta região? Onde eles se formaram, haja vista a ausência de cursos na região? Como foram suas formações? Foi suficiente para suprir suas necessidades enquanto professores de matemática?
Assim, com a finalidade de esboçarmos compreensões a cerca das questões e dos objetivos apresentados e também de fornecermos as fontes necessárias para a construção de uma versão histórica sobre a formação de professores na região de Mossoró, decidimos fazer o uso da História Oral Temática como metodologia de pesquisa, pois esta trabalha
[...] com o testemunho oral de indivíduos ligados por traços comuns. A utilização desta metodologia [...] fornece novas perspectivas para o entendimento do passado recente, possibilitando o conhecimento de diferentes versões sobre determinado tema. O testemunho oral, obtido através de entrevistas, constitui-se como o núcleo da investigação, ou seja, o trabalho investigativo leva em conta as trajetórias individuais, eventos ou processos que não poderiam ser compreendidos de outra maneira. Isso obriga o pesquisador a buscar respaldo em outros referenciais teóricos, principalmente os que discutem sobre as relações entre escrita e oralidade, memória e história, tradição oral, bem como sobre os conceitos apontados pelos colaboradores. (BARALDI, 2003, p. 216).
A História Oral produz narrativas orais, que são narrativas de memórias e que, por não “apreender a totalidade de uma experiência, nem mesmo a entrevista que se prolonga por várias seções, como no caso, às vezes, da história de vida” (POUPART, 2010, p. 225), não possuem a intenção de construir uma história totalizante ou, tampouco, tentar provar uma verdade absoluta.
Assim, adotamos como metodologia de pesquisa a História Oral Temática, entendendo ser essa uma pesquisa contida no paradigma qualitativo por: não trabalharmos com a possibilidade de afirmação ou refutação de uma hipótese inicialmente levantada; não propormos a imparcialidade do pesquisador no trato com os dados, sabendo que este estará analisando-os segundo suas vivências e experiências, acompanhando-os às lentes de autores de seu referencial teórico; sabermos que os mesmos dados aqui trabalhados poderiam, por outras lentes, ser ressignificadas, contando assim outras versões históricas e; não buscarmos uma totalização, generalização, dos resultados encontrados. (GOLDENBERG, 2004; GARNICA, 2007).
Entendemos que metodologia é um “conjunto de procedimentos que não teriam sentido sem uma fundamentação” (GARNICA, FERNANDES e SILVA, 2011, p. 232). Certamente trata-se de um conjunto de procedimentos que consideramos legítimos para produzir pesquisas com História Oral no campo de conhecimentos da Educação Matemática (mas não apenas, ou exclusivamente), “mas, além disso, trata-se de saber quais as potencialidades e os limites dessas ações, quais seus fundamentos, qual o terreno em que tais ações se assentam” (Ibidem, p. 233).
Com isso, mobilizamos sua teoria, seus entendimentos, seus procedimentos, para que compreendamos, em uma operação historiográfica, como se dava a formação dos professores que atuavam no ensino de matemática na região de Mossoró, localizada no interior do Rio Grande do Norte, tendo como ponta de iceberg[2] para nossa investigação a data de criação do mais antigo curso de Matemática (daquela região), ocorrido no ano de 1974.
CONTINUA...
Enviado pelo pesquisador José Edilson de Albuquerque Guimarães Segundo
http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Nenhum comentário:
Postar um comentário