sexta-feira, 25 de outubro de 2013

GARGAÚ, RIO DO PEIXE BOI



Por: Francisco de Paula Melo Aguiar

"Todos somos gênios, mas se você julgar um peixe por sua capacidade de subir em árvores, ele passará a vida acreditando que é idiota."
                                                     Albert Einstein


Elias Herckmans interpretou e traduziu o termo “GARGAU” (termo que dá nome a uma povoação rural no Município de Santa Rita, área agrícola, de rio e de manguezal, ainda na atualidade), como sendo rio do peixe boi, é verdadeira, não assim a procedência; pois que peixe-boi não se diz em tupi: garga, mas guaraguá. O nome teria sido primitivamente guaraguá-á que por corrupção (corruptela) se fez “Gargaú”. Mas, assim sendo, admite mais de uma tradução, porque guaraguá-á tanto pode ser: o peixe-boi come, como pode ser: rio do peixe boi, visto que o som final á pode ser o verbo comer, como pode ser corrupção de y, que significa rio, água, ex-vi escrito pelo historiador Francisco Augusto Pereira da Costa e outros, publicado na Revista do Instituto Arquiológico e Geográfico de Pernambuco (1904). Ressaltamos, porém de que o termo “GARGAU”, tem  outro significado, conforme nos informa o dicionário online da Língua Portuguesa, que traduz o termo como sendo “garaximbola”, e cuja tradução significa “certo peixe do mar” e/ou “gargaú”, isso lá para os lados do Rio Grande do Norte e ou do Rio de Janeiro (que tem um Distrito e uma praia com o nome Gargau, também). Na realidade o topônimo “Gargaú” é realmente uma corruptela do tupi guaraguá-ú, que em nossa língua materna signfica “rio do peixe-boi” e ou lugar “onde o peixe-boi come”, corroborando assim com os escritos primitivos e mencionados neste artigo, o que vale dizer que “gargaú” tem o mesmo significado de garaximbola, ou seja um peixe marinho que também é chamado de gargaú.
                    
Em síntese é uma realidade o ensinamento suscitado pelo Provérbio Indígena quando enfatiza que “Só depois da última árvore derrubada, do último peixe morto, o homem irá perceber que dinheiro não se come”, e isso já podemos comprovar fazendo uma analogia da área de “Gargaú” dos tempos do geógrafo, escritor, militar, explorador e neerlandês Elias Herckmans, que nasceu mais ou menos em 1596 e falecido no Recife em 8 de janeiro de 1644 e que foi governador da Capitania da Paraíba (1636-1639), para os dias atuais, a olho nu não vamos mais encontrar lá o possível peixe boi que habitava e ou comia lá e muito menos os indígenas seus primitivos donos, conforme o relatório geral sobre a Capitania da Paraíba (Generale Beschrjvinge van de Capitania Paraiba) de 1639, onde sua primeira parte enfatiza a capital da capitania, a segunda parte é dedicada aos engenhos do Vale do Paraíba (daí aquela citação de alguns historiadores de que Santa Rita foi antes chamada de Vale do Paraíba, porque praticamente todos os engenhos até então construídos e em funcionamento estavam localizados em suas terras, a exemplo do Engenho Del Rey ou Engenho Tibiri (o primeiro a ser construído em 1587) e pela fundação Engenho Cumbe em 1774, que  também leva a “criação” generosa de certos pesquisadores em afirmar sem comprovação em documentos históricos da época de que nossa cidade tenha igualmente se chamada de “Vila do Cumbe”, enquanto povoamento, antes da denominação Santa Rita, proveniente da fundação da Capela de Santa Rita de Cássia, em 1776, local do encontro de comboios de sertanejos que vinha a capital da Província da Paraíba, vender e comprar mercadorias, inclusive compra e venda de escravos, aqui era o lugar de pernoitar na vinda e na ida para Capital e para o interior da província, e finalmente a terceira parte do relatório menciona a vida e os costumes dos Tapuias, como eram chamados dos índios da localidade. Até o mesmo Engenho Gargaú, em cuja casa grande hospedou-se Dom Pedro II em 1859, quando visitava a Província da Paraíba e em cuja Capela dedicada a Santa Ana, se encontra em total abandono pelos poderes públicos e por seus proprietários, relíquia histórica de um passado que não volta mais. Conheça Gargaú em Santa Rita e sua historicidade do Brasil Colônia aos nos dias.

Referências
AGUIAR, Francisco de Paula Melo Aguiar. Santa Rita, Sua História, Sua Gente. Campina Grande: Gráfica Júlio Costa, 1985.
DICIONÁRIO AULETE – Site: 
http://aulete.uol.com.br/garga%C3%BA. Página visitada em: 23/10/2013.
DICIONÁRIO ONLINE DA LINGUA PORTUGUESA – Site:
http://www.dicio.com.br/garaximbola/ - Página visitada em: 23/10/2013.
MELLO, José Antônio Gonsalves de (editor). Fontes para a História do Brasil Holandês (2a. edição). [S.l.]: CEPE – Recife, 2004. 376 p.
PEREIRA DA COSTA et Alii (1904). As etimologias indígenas de Elias Herckmans. Revista do Instituto Arquiológico e Geográfica Pernambucano:< 

Enviado pelo escritor Francisco de Paula Melo Aguiar

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