terça-feira, 29 de outubro de 2013

A CONSTRUÇÃO DO PROJETO PEDAGÓGICO

POR: FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR

Eduque-o como quiser; de qualquer maneira há de educá-lo mal.
                                         Sigmund Freud

Não necessitamos apenas da cultura do imaginário popular para termos a compreensão firme e concreta de que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394/93, em vigor afirma claramente em seu artigo 14, que os sistemas de ensino (federal, estadual, distrital e municipal) definirão as normas da administração ou gestão democrática na Educação Pública nos três níveis de governos. Assim sendo, à luz do artigo 14 da nossa LDBN, temos os seguintes princípios básicos a serem cumpridos pelos três níveis da gestão pública brasileira: I – participação dos profissionais na elaboração do Projeto Pedagógico da escola; II – participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. Sim! Sem a comunidade acadêmica (os alunos, os professores, os técnicos educacionais, os diretores, os auxiliares da escola em todos os níveis da gestão, por mais simples que sejam do auxiliar de serviços ao diretor geral institucional, se existir), bem como da comunidade local ou seja dos moradores das redondezas da escola, pessoas do povo (dos mais simples aos mais bem aquinhoados habitantes da localidade/bairro, vila, povoado, sitio, engenho, fazendo, etc). Se é que na realidade querem os gestores da administração política verem os gestores da administração e da prestação de serviços aos cidadãos e cidadãs de todos os níveis e idades no setor educacional nacional, estadual, distrital e municipal. Cada escola é uma realidade única, portanto, elaborar um Projeto Político Pedagógico, parte integrante do Projeto Político Institucional de cada escola, como sendo único e universal para os três sistema de ensino e de governos, é chover no molhado e assinar um atestado de burrice em termos de planificação e de planejamento setorial para cada órgão da administração pública e dita democrática, que em muitos casos não tem “nada” de democrática é apenas um chão para que o Presidente da República, o Governador do Estado e o Prefeito Municipal, se esconda por trás de um slogan bonito e faça uma presepada no exercício do cargo e de sua gestão administrativo, sem conhecimento de causas e dos problemas reais que atingem cada comunidade e sua localidade, seja na educação, na infra-estrutura, na saúde, na segurança pública, na promoção da criança, do jovem, do adulto e da melhor idade, etc., etc., onde falta tudo a olho nu.
                    
Para se evitar comentários negativos contra a gestão pública política e administrativa em todos os setores da máquina administrativa federal, estadual e municipal, quando se fala da realidade da escola dita pública: federal, estadual e municipal, que o povo pensa que é pública mais não é, pois,  a referida escola é paga por todos nós contribuintes e ou pagadores de impostos diretos e indiretos, como por exemplo, ao bebermos um copo com água, aí tem impostos diretos e indiretos em sua composição. Nada cai do céu na realidade brasileira. Na realidade do setor educacional devemos apontar a importância de todos os professores, coordenadores, supervisores, orientadores, psicopedagogos, psicólogos e administradores, que cumprem suas tarefas diárias, presentes no ambiente de trabalho: sua escola, discutindo cada passo quando da elaboração e reelaboração do projeto político pedagógico, bimestral, semestral, anual, etc., não importa o nome da Pedagogia de Projeto que lhe denomine. Por outro lado, não se trata apenas que a referida equipe em  conjunto tenha que elabora o referido projeto e jogar-lhe na rua como pais sem compromisso com sua prole, daí a responsabilidade que todos tem  ou que deveria terem no sentido de através de um conselho ou CPA – Comissão Pedagógica de Acompanhamento, presente em cada unidade escolar para acompanhar o desenvolvimento e a avaliação institucional empregando tal ferramenta. De modo que deve indicar a partir daí a importância de que cada escola deve ter seus conselhos escolares, conselhos de pais e professores para que de um modo geral a comunidade escolar sinta-se integrada e compromissada a todas as ações da escola. Só existe a escola pública porque existem alunos, pais, professores, comunidade, etc., aqui todos são cidadãos e não clientes como na escola particular.
                            
Para se elaborar um Projeto Pedagógico a escola deve partir de um diagnóstico escolar que retrate ou registre o perfil do corpo docente, envolvendo sua formação, experiência pedagógica, participação em atividades escolares e comunitárias, etc., e da equipe de apoio: funcionários, onde deve ser feita obrigatoriamente uma análise que envolva resultados quantitativos e qualitativos alcançados pelos alunos nos exercícios escolares anteriores, bem como um levantamento das necessidades gerais, dentre as quais: as necessidades físicas da estrutura do prédio da escola e de seu equipamento existente até então. Onde também se deve citar e até ser levada em consideração a importância de referencias sobre as características históricas, geográficas, sociais, etc., da comunidade em que cada escola está localizada. Quem vive na tribo deve conhecer os índios, isso é um ditado popular auto-aplicável na realidade de cada comunidade/escola.
                        
É assim “não eduques as crianças nas várias disciplinas recorrendo à força, mas como se fosse um jogo, para que também possas observar melhor qual a disposição natural de cada um”, ex-vi os ensinamentos de Platão.
                       
Podemos mencionar de que os elementos do Projeto Político Pedagógico são:  I- a finalidade da escola pública (seja pública ou privada); II - sua estrutura em termos organizacional; III- os dados estatísticos de desempenho dos alunos; IV – o perfil do corpo docente; V – o planejamento curricular; VI – o calendário escolar; VII – os processos decisórios: administração, supervisão, orientação escolar ou pedagógica; VIII – a perspectiva avaliativa permanente ou constante. Somente assim a escola enquanto instituição terá resposta detalhada a cada um dos elementos mencionados, de modo que se terá a realidade da escola existente até então e à escola idealizada e ou sonhada pela comunidade escolar ali presente. E assim a se poderá construir em berço esplendido a sonhada proposta pedagógica para a Educação Infantil e para o Ensino Fundamental, é uma questão lógica de enfrentar e não simular através do improviso da gestão administrativa da chamada escola pública. É uma questão de planejamento tendo como conseqüência fazer o seu dever de casa na teoria e na prática pedagógica e da gestão política administrativa.

REFERENCIAS
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http://www.recantodasletras.com.br/artigos/4547184

Enviado pelo escritor Francisco de Paula Melo Aguiar

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