Por: Rangel Alves da Costa(*)
POLÍTICAS
DISCRIMINATÓRIAS: O AVESSO DO AVESSO
No Brasil,
quem for homem e não for negro corre o sério risco de ser alijado socialmente,
não contar com nenhum direito, ser expurgado de vez. Eis que ultimamente os
direitos parecem já nascer destinados somente aos negros e às mulheres.
Parece um
grande engano, mas não. Basta passar um rápido olhar sobre as políticas
sociais, de inclusão, de afirmação, de confirmação, de preservação de direitos
e de surgimento de outros, para ter ciência que visam quase exclusivamente os
negros e as mulheres. Outras ditas minorias são quase esquecidas diante das
escolhas governamentais.
Certamente que
é muito bonita - e rende bons frutos eleitorais - essa história de séculos de
lutas contra a exploração, o preconceito, a discriminação, e a violência contra
determinadas classes sociais. As conquistas alcançadas demonstram que cada vez
mais os direitos sociais buscam confirmar o real sentido da igualdade entre
todos.
Contudo, após
muitas barreiras serem vencidas, os abusos serem refreados e os direitos
alcançarem a todos, indistintamente, eis que alguns setores, sociais e
governamentais, procuram reverter o curso da história e forjar situações para
desigualar os que se tornaram iguais à força de lutas.
Desigualar a
igualdade alcançada sim, pois à medida que procuram favorecer determinadas
classes em detrimentos de outras estarão criando situações conflitantes. Ora,
porque historicamente o negro foi relegado social e economicamente, não
significa que agora tenha de alcançar mais direitos do que as outras pessoas. É
um preconceito ao reverso, uma discriminação às avessas.
À medida que a
enxurrada de políticas sociais, programas e outras inventivas governamentais,
se voltam exclusivamente para pessoas em função de sua cor, logicamente que
estarão discriminando pessoas com outro matiz. E também a própria classe
favorecida, vez que reconhecendo estar num patamar diferente das demais. E é
exatamente contra essa visão preconceituosa que os negros sempre lutaram.
O mesmo se
diga com relação às mulheres. Não obstante a incansável luta feminina para o
reconhecimento de seus direitos, para a efetiva participação no contexto social
de forma igualitária aos homens, parece que o conquistado não teve qualquer
serventia. E talvez porque - como se demonstra agora - a vitória só virá
completamente quando suplantarem os homens em tudo.
Ora, a
relação entre homem e mulher já não é mais de igualdade, vez que diversas
legislações específicas cuidaram de colocá-la bem protegida do perigo que
parece representar o homem. De repente as entidades feministas e os órgãos
governamentais descobriram que ainda é pouco o conquistado e deram início a uma
inigualável reversão de conceitos e de discriminação perante o homem jamais
vista em toda história.
As próprias
mulheres - logicamente que apenas algumas - reconhecem que a situação está
insustentável, que a “mulherização” já está abusiva, negativamente
descontrolada. Neste sentido, num texto intitulado “Passando Adiante”, Lilian
Rocha mostra o seu ponto de vista sobre esse exacerbado modismo protetivo
feminista:
“Que me
desculpem as mulheres, mas detesto feminismo, essa mania chata que muitas
mulheres têm de estar sempre em estado de alerta contra os homens, numa luta
permanente em prol de direitos e mais direitos, como se nenhum homem do mundo
prestasse!
Alto lá, também
não é assim! Conheço um monte de homens que valem bem mais que muitas mulheres
por aí. Por isso, me sinto um tanto quanto desconfortável em datas como a de
hoje...
Receber
‘parabéns’ só porque sou mulher me parece uma coisa totalmente sem lógica, pois
isso não foi mérito meu, foi puro acaso. Nem tampouco foi ‘mérito’ de minha
mãe, uma vez que ela tinha as mesmas chances de ter um filho homem. Portanto,
outro acaso. E eu não entendo por que acasos merecem parabéns...
Além disso,
considerando que no mundo existem muito mais mulheres do que homens, corremos o
risco de passar o dia todo só nos cumprimentando e nos abraçando, já que a
única coisa que parece importar nesse dia 8 de março é pertencer ao sexo
feminino. Não importa de que forma você exerce seu papel de mulher, basta
simplesmente ser mulher e eis que você já é cumprimentada!
Também não me
incluo nesse rol de mulheres que vivem lutando incansavelmente pelos seus
direitos. Estou bem satisfeita com os direitos que conquistei na minha vida e,
diga-se de passagem, se os conquistei, tenho certeza de que não foi apenas
porque eu era uma mulher...
E quanto aos
direitos que porventura não conquistei, certamente foi porque não os mereci. Ou
então porque outra mulher, mais ávida por direitos, deve ter me passado a perna
e chegado mais rápido, pois se tem uma coisa que mulher sabe fazer bem melhor
que os homens é ‘passar a perna’...
Portanto, não
encontrando razões para tantos parabéns que recebi, prefiro dedicar a parte
desse dia que me caberia para homenagear grandes homens da minha vida: meu pai,
meus tios, meus irmãos, meu marido, meus filhos e meus sobrinhos. Esses, sim,
merecem as homenagens de todas as mulheres do mundo...” (Lilian Rocha -
08.03.2013)
Enfim, uma
mulher que se reconhece valorizada e valoriza o fato de ser mulher, mas não
fazendo disso motivos para se colocar em redomas porque deve ser vista de modo
diferente. Pensar diferente seria lutar pela dizimação do homem e preparar-se
para, num futuro bem próximo, enfrentar uma nova revolução: das feministas
machistas contra as femininas machões.
(*) Meu nome é Rangel Alves da Costa, nascido no sertão sergipano do São Francisco, no município de Poço Redondo. Sou formado em Direito pela UFS e advogado inscrito na OAB/SE, da qual fui membro da Comissão de Direitos Humanos. Estudei também História na UFS e Jornalismo pela UNIT, cursos que não cheguei a concluir. Sou autor dos eguintes livros: romances em "Ilha das Flores" e "Evangelho Segundo a Solidão"; crônicas em "Crônicas Sertanejas" e "O Livro das Palavras Tristes"; contos em "Três Contos de Avoar" e "A Solidão e a Árvore e outros contos"; poesias em "Todo Inverso", "Poesia Artesã" e "Já Outono"; e ainda de "Estudos Para Cordel - prosa rimada sobre a vida do cordel", "Da Arte da Sobrevivência no Sertão - Palavras do Velho" e "Poço Redondo - Relatos Sobre o Refúgio do Sol". Outros livros já estão prontos para publicação. Escritório do autor: Av. Carlos Bulamarqui, nº 328, Centro, CEP 49010-660, Aracaju/SE.
Poeta e cronista
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