Por: Rangel Alves da Costa(*)
ABSURDOS
URBANOS
Aracaju, tão
propagandisticamente divulgada como a cidade da qualidade de vida, precisa ser
urgentemente vista dentro de sua realidade pela administração municipal. É um
erro tentar forjar uma imagem irreal, de cunho meramente turístico, quando
diante dos olhos da população ressaltam verdadeiros absurdos.
O conceito de
qualidade de vida possui grandes ressalvas perante a capital sergipana. E isto
porque, historicamente, a tal qualidade sempre foi pensada com destinação
certa. As qualidades naturais, destinadas aos turistas; as qualidades de
infraestrutura urbana, destinadas à zona sul; e as qualidades do deus-dará,
estas tão visíveis na zona norte e periferias empobrecidas.
Ademais,
qualidade de vida não quer dizer absolutamente nada em termos da realidade vivenciada
pela população. Se o marketing procura vender Aracaju como destino turístico,
logicamente que as imagens apresentadas serão de encher os olhos. Mas a capital
não é apenas para turistas, mas primordialmente para os seus habitantes. E
estes conhecem bem da qualidade de vida – pois tudo qualidade de vida –
existente segundo a distribuição das zonas urbanas.
Pretender
dividir a cidade segundo as atratividades turísticas, as benfeitorias, as
belezas apresentadas, a real qualidade de vida existente, é aspecto muito
perigoso se considerado por uma administração, com qualquer prefeito que esteja
de plantão. Ora, a cidade é um todo espacial, um complexo urbanístico cujas
prioridades nas realizações de obras não devem sempre privilegiar determinados
locais.
Verdade é que
uma cidade não vive apenas de zona sul, de orlas praieiras e redutos da
burguesia. A cidade é um todo, e como tal precisa ser administrada com
melhorias indistintas.
Entretanto,
são enormemente visíveis as diferenças existentes entre a chamada zona sul e a
zona norte. Para ser mais preciso, a partir do calçadão da João Pessoa, da Rua
Geru em diante, tudo parece renegado ao plano do tanto faz. Por conta dessa
visão preconceituosa é que a cidade enfeia-se, se desorganiza, se transforma em
descaso.
O próprio
calçadão da João Pessoa já está sendo novamente tomado pelos camelôs. Depois de
um período de fiscalização rígida e proibição de comercialização daquelas
bugigangas e quinquilharias, agora já se avista, depois do entardecer, a
movimentação dos vendedores espalhando seus produtos por toda a extensão das
pedras portuguesas.
Por mais que
se reconheça a necessidade daqueles comerciantes informais, não se pode admitir
que o mais importante centro de comércio se transforme num favelamento
comercial. Ademais, como os vendedores não estão nem aí para a limpeza, a
imundície se espalha após o fim da feira. E ao amanhecer o centro ainda está
completamente tomado pelo lixo.
Após a Rua
Geru logo surge a visão catastrófica da Praça João XXIII, ou Rodoviária Velha.
E eis o maior absurdo que possa existir num centro de capital. E é a partir
deste local, seguindo para zona norte, que a outra qualidade de vida começa a
mostrar sua verdadeira feição. Então a cidade se desorganiza, se enche de
espanto, se mostra imunda, maltratada, esquecida.
É inadmissível
que uma administração municipal continue pactuando com a situação apresentada
pela Rodoviária Velha e adjacências. O Terminal Luiz Garcia apresenta problemas
de monta. Sem segurança alguma, os passageiros diariamente são ameaçados por
marginais e usuários de drogas que por ali transitam tranquilamente.
Mas os
problemas não param por aí. A intensidade do fluxo de ônibus coloca em risco a
segurança das pessoas que chegam ou passam. Mais adiante, ao lado, os veículos que
fazem linha para o interior parando onde querem, circulando como desejam,
tornando o local um verdadeiro caos. Sem falar nos botequins que estão
instalados ao redor da praça e que são responsáveis pela maior sujeira que
possa existir num centro de capital. Esgotos correm a céu aberto, restos de
comida e de frutas são jogados em tonéis transbordantes, o lixo se acumula
pelas laterais.
Andando mais
um pouco, sempre em direção à zona norte, outra praça chama a atenção pelo
absurdo em que se transformou. A Praça Godofredo Diniz, vizinha ao prédio do
INSS, é local que afronta, a um só tempo, a segurança pública e a
paz social. Os jogos de apostas ali correm soltos, impunemente, a toda hora do
dia. E as drogas também, sem falar nos assaltos continuamente praticados
naquela região.
Outra
demonstração do descaso de uma administração municipal pode ser avistada ao
longo do canal da Avenida Airton Teles, precisamente o que delimita o centro da
zona norte. Parece até coisa feita, mas a verdade é que nunca tomaram providências
sérias para a limpeza do canal, para tirar o lixão que vergonhosamente se
acumula. Não obstante a sujeira, as duas vias que o ladeiam são esburacadas,
completamente deterioradas, numa esquisitice de espantar meliante.
Os problemas
são tantos que somente um relatório para dar conta de pequena parte. Haveria de
se falar nas ruas esburacadas, nas calçadas intransitáveis, nos abismos
formados pelas caixas sem tampa. Sem esquecer o caos provocado pelos problemas
na mobilidade urbana. Mas aí já se estende por toda a cidade.
Entretanto,
não poderia ficar esquecida a destrambelhada engenharia de trânsito que foi
levada a efeito no cruzamento entre a Rua Lagarto e a Av. Carlos Bulamarqui.
Com as mudanças recentes no trânsito do centro comercial, acharam por bem
transformar esse cruzamento num inigualável transtorno, tanto para motoristas
como para pedestres e moradores.
Simplesmente
colocaram duas direções de tráfego no último trecho da Carlos Bulamarqui, e
assim o cruzamento ficou com três direções. E os carros se encontram vindo da
Carlos Bulamarqui, indo também da mesma avenida, e ainda pela Rua Lagarto. Quer
dizer, qualquer abalroamento que houver envolverá carros de três direções
diferentes. E envolvendo taxis lotação, que sempre estão em alta velocidade.
Existe ainda o
problema da... Mas ora, são tantos os problemas que só mesmo sensatez
administrativa para minimizá-los. Enquanto isso, a qualidade de vida vai
procurando sua razão de ser pelos bairros e vias sem jardins nem primaveras.
Poeta e cronista
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