José Romero Araújo Cardoso –UERN-Mossoró-RN
Benedito
Vasconcelos Mendes - UERN-Mossoró-RN
As paisagens urbanas e rurais, através de sua
geografia humana, sobretudo, nas periferias do capitalismo globalizado que
marca os dias atuais, vêm sendo caracterizadas pelas manifestações aviltantes
cada vez mais agudas do drama da fome, que ‘consagram’ o significado da
exclusão de grande parcela dos seres humanos, espalhada pelos quatro cantos do
Planeta, e que ainda não foi beneficiada pelas conquistas tecnológicas, bem
como pela capacidade de gerar emprego e renda decentes que garantam melhores dias,
formulando, de forma efetiva, o real sentido da cidadania.
Os donos dos
meios de produção selecionam metodicamente espaços que são e serão beneficiados
pela ação do capital em suas múltiplas metamorfoses e interesses, relegando ao
esquecimento os que não interessam de imediato à reprodução das estruturas de
poder.
São os espaços
marginalizados que não servem a curto ou médio prazos, muitas vezes também a longo prazo, aos propósitos definidos em infindáveis
reuniões temperadas pelo gosto refinado por dinheiro em quantidade absurdamente
estratosférico.
Assim,
cotidianamente milhares de pessoas são atiradas no fosso da miséria, da pobreza
e da fome, pois sem perspectivas de melhores dias amargam a triste realidade do
abandono e do infortúnio, sendo submetidas à escravidão da falta de interesses
dos poderosos que as enxergam apenas como frios números das estatísticas que
permitem absurda maximização de lucros com interessante minimização de
custos para aqueles que são contemplados pelas benesses do sistema.
Citando exemplo clássico presente nas distorções inter-regionais
brasileiras, indubitavelmente podemos afirmar que em consonância com o
despovoamento do campo no nordeste brasileiro desponta de forma imperiosa
o agrobusiness em determinados espaços rurais previamente selecionados, dotado de tecnologia de primeiro mundo. Em
contrapartida, a agricultura familiar vem sendo notavelmente prejudicada e
desestimulada em razão que percentual significativo dos investimentos
garantidos pelas políticas públicas voltadas para o
agro, viabilizadas pela ação do Estado, destina-se ao sucesso da produção agrícola concentrada em atender as exigências do mercado externo a fim de gerar divisas para fomentar a política paternalista que caracteriza a atuação do Estado em garantir os privilégios da poderosa classe que detém o poder.
agro, viabilizadas pela ação do Estado, destina-se ao sucesso da produção agrícola concentrada em atender as exigências do mercado externo a fim de gerar divisas para fomentar a política paternalista que caracteriza a atuação do Estado em garantir os privilégios da poderosa classe que detém o poder.
Além do
mais, os poucos recursos destinados ao fomento agricultura familiar não vem
acompanhado de necessária e eficaz instrução técnica que permita favorecer o
sucesso da produção e da comercialização agropecuária, não esquecendo ainda que
existem graves denúncias de corrupção envolvendo a destinação dos recursos para
este setor produtivo que garante inúmeros benefícios para suprir o mercado
interno, ao contrário do primo rico que se dedica a atender as exigências
externas cada vez mais sofisticadas. O resultado óbvio é o recrudescimento da
situação de penúria dos que sofrem com a intransigência da lógica do capital,
avançando de forma desumana as conseqüências trágicas da desnutrição.
Crianças, elos
frágeis da teia maléfica montada pelo capitalismo, perdem a visão por falta de alimentos, ficando apenas no couro e no osso devido à ausência de
proteínas que possam garantir a sobrevivência e engrossando dia-a-dia as
estatísticas referentes à mortalidade
infantil, motivada por doenças provocadas pela fome.
infantil, motivada por doenças provocadas pela fome.
Esqueléticas e famintas
desfilam suas desditas pelos espaços menos privilegiados das favelas, alagados,
palafitas, pontes, campos adustos, lócus urbanos sem infra-estruturas e outros
locais usados como moradias, pois sinônimos da ausência de compromissos, esses
lugares se constituem nos territórios da fome e das privações.
Enquanto isso, os poderosos que mandam e
desmandam não demonstram sensibilidade, comoção, atitude alguma concreta, que
seja pragmática de fato, que possa reverter o quadro surreal que vem tomando
aspecto tétrico, cada dia pintado de forma mais intensa com cores berrantes que
revelam o drama da miséria e da fome, da insensibilidade de parcela
intransigente da humanidade satisfeita e feliz com o esquema montado sobre
privilégios.
Recantos esquecidos
espalhados na imensidão nordestina abrigam populações famintas e desvalidas
cujas condições de vida são iguais às apresentadas pelos grandes bolsões de carência
crônica do continente africano, pois os indicadores sócio-econômicos teimam em
se repetir em cada amostragem populacional que busca revelar a situação do povo
brasileiro, embora saibamos que muitas foram propositalmente maquiadas para
atender determinados interesses.
Mães aflitas, viúvas das secas e
dos descasos, choram pelo destino que o sistema relegou aos seus filhos, aos
quais tudo é negado, desde um prato de comida decente à educação de qualidade
que possa garantir-lhes um futuro melhor, com esperanças e felicidades, não esquecendo ainda que saúde também é algo negado de forma injuriosa e
infame. A injustiça tornou-se palavra de ordem no imaginário dos poderosos.
Historicamente, a pobreza vem sendo tratada como caso de polícia,
pois exemplo disso temos na forma desumana como os aparelhos repressivos do
Estado trataram Canudos, como verdadeiro caso de segurança nacional,
simplesmente por que a sociedade alternativa fundada no sertão baiano conseguiu
superar os limites extremos da exploração desmedida capitaneada pelo draconiano
latifúndio que impera desde a formação sócio-econômica brasileira.
A intensificação do drama da fome foi
profetizada e alertada pelo cientista Josué Apolônio de Castro (Recife –
05/09/1908 – Paris –24/09/1973) quando de sua magnífica campanha em prol da
erradicação do maior drama da humanidade, mas desde então nada foi feito, pelo
contrário, pois o problema ainda está sendo encarado como um tema proibido, o
qual escancara a mesquinhez contida na manutenção e na reprodução das
estruturas de poder que privilegiam poucos e humilham a grande maioria excluída
do complexo processo que caracteriza os dias atuais.
A ousadia e a independência de Josué
de Castro, quando denunciou a fome como flagelo fabricado pelos homens, foram
responsáveis por momentos ímpares na história da humanidade, mas que,
infelizmente, responsabilizaram-se também pelos momentos de angústia que o levaram à morte prematura em seu exílio na França, imposto pela
intransigência dos militares que derrubaram o governo constitucional de João
Goulart, histórico herdeiro político de Vargas.
Refletir sobre as bases do
pensamento do importante teórico nacional, reconhecendo a importância da
atualidade de suas pregações e defesas, é condição sine qua non para
que busquemos lutar pela superação dos aviltantes contrates que separam
incluídos e excluídos,
contribuindo dessa forma para a consolidação de um mundo melhor, com justiça social e harmonia para o gênero humano. Insistindo em não curar as feridas abertas com o drama da fome, os poderosos do planeta alimentam insatisfações cujas conseqüências poderão se revelar imprevisíveis, pois a partir do momento que o grito dos excluídos tornar-se mais intenso e estridente talvez a composição contida na superestrutura não surta tanto efeito a fim de abafar as reclamações que se avolumam de forma impressionante devido a ausência de amor que vem sendo observada na conjuntura em que impera a ganância e a falta de compromissos com a sofrida realidade humana daqueles que estão à espera de olhares mais humanos e compenetrados com suas situações desesperadoras.
contribuindo dessa forma para a consolidação de um mundo melhor, com justiça social e harmonia para o gênero humano. Insistindo em não curar as feridas abertas com o drama da fome, os poderosos do planeta alimentam insatisfações cujas conseqüências poderão se revelar imprevisíveis, pois a partir do momento que o grito dos excluídos tornar-se mais intenso e estridente talvez a composição contida na superestrutura não surta tanto efeito a fim de abafar as reclamações que se avolumam de forma impressionante devido a ausência de amor que vem sendo observada na conjuntura em que impera a ganância e a falta de compromissos com a sofrida realidade humana daqueles que estão à espera de olhares mais humanos e compenetrados com suas situações desesperadoras.
A publicação pelo alto comando militar do Ato Institucional número
1, em abril de 1964, trouxe em sua lista os nomes cassados de vários políticos
e personalidades ligados ao governo deposto de João Goulart, encontrando-se
entre esses o do médico, geógrafo e sociólogo brasileiro, cidadão do mundo,
Josué Apolônio de Castro, autor de grandes clássicos como Geografia da Fome
(1946) e Geopolítica da Fome (1951), considerados importantes contribuições
para as causas humanas, publicados pós-segunda guerra mundial.
Josué de Castro escolheu a França para o exílio, voltando a ministrar
aulas em grandes instituições de ensino superior, como a Sorbonne e Vincennes.
Instalado na capital francesa, intensificou a luta humanista que marcou toda a
vida do grande cientista nacional.
No Brasil, a ditadura militar considerou Josué de Castro persona
non grata, recolhendo seus livros das bibliotecas e das universidades
nacionais. Quem fosse pego lendo Geografia da Fome, ou outro clássico escrito
pelo homem que lutou contra a desnutrição e em prol da paz, estava passível de
ser enquadrado na lei de segurança nacional, pois sua produção tornou-se tema
proibido.
Escancarar as estruturas de dominação forjadas pelo homem contra o
próprio homem foi considerado o grande pecado de Josué de Castro, pois sua
ousadia ao denunciar as injustiças sociais garantiu-lhe a ira de inimigos
poderosos, pessoas beneficiadas pelo modelo que ainda tem sua vigência nos dias
atuais, principalmente quando, com a urbanização anômala e acelerada,
recrudesceu o problema da fome e da miséria.
Constatar que Josué de Castro e sua vasta produção ainda são
desconhecidos soa como algo misterioso e inadmissível em pleno século XXI,
tendo em vista a importância e a atualidade do pensamento deste teórico
nacional para a compreensão e elucidação dos graves transtornos sociais que se
agigantam cotidianamente, pois a confirmação de profecias feitas há mais de
quarenta anos é reconhecida no presente.
Por essa razão, justifica-se a busca para alcançar objetivos definidos
em projeto de extensão apresentado ao Departamento de Geografia do Campus
Central da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado
do Rio Grande do Norte, denominado Discutindo a importância e a atualidade o
pensamento de Josué de Castro em Escolas Públicas Municipais e Estaduais de
Mossoró/RN.
Intuindo assinalar a participação da Universidade do Estado do Rio
Grande do Norte nas comemorações do centenário de nascimento de Josué de
Castro, ocorrido no ano de 2008, buscamos assistir a um público-alvo bastante
parecido no que tange às origens do injustiçado cientista brasileiro.
Quando da aplicação desse projeto de extensão, observamos imediata
identificação dos alunos com a vida, com as idéias e com a permanência de suas
defesas. Nascido em zona miserável da capital pernambucana, no dia cinco de
setembro de 1908, Josué de Castro nunca esqueceu suas origens, pois mesmo
quando desempenhava a mais alta e importante função, quando de suas gestões no
Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação, criada sob os
auspícios do seu particular amigo Lord J. Boyd Orr, sempre voltava aos mangues
recifenses para ouvir seus personagens de infância, os catadores de
caranguejos, saber como vivam, o que pensavam e o que sofriam devido à
intensidade das mazelas sociais que nos dias de hoje são mais intensas e
profusamente presentes em nossa sociedade.
Josué de Castro teve a iniciativa de pintar o quadro social com cores
berrantes, não poupando o dramático e tétrico problema da fome em sua real
dimensão, tendo alertado as autoridades mundiais para o colapso geral caso não
abrissem mãos das vantagens impressionantes desfrutadas por uma pequeníssima
minoria privilegiada e agraciada com todos os benefícios da exclusão da grande
maioria, pois afirmou que um terço da população mundial não dormia temendo os
outros dois terços que passavam fome.
A defesa intransigente da paz se constituiu em um dos pilares das
propostas de solução para o problema da fome no planeta. Josué de Castro
defendeu com entusiasmo que a segurança social, compreendida pelo investimento
em saúde, educação, cultura, nutrição etc., é muito e infinitamente mais
importante que a segurança nacional baseada em armas, não se justificando o
destino astronômico de recursos para a modernização do setor armamentista, o
qual tem uma única finalidade, quer seja, fomentar a morte e a destruição.
Com certeza, encontra-se uma importante explicação para o ódio
devotado pela ditadura militar contra Josué de Castro nesta máxima em prol da
vida, da harmonia e da solidariedade entre os povos.
A indicação de Josué de Castro duas vezes para o Nobel da Paz
encontra-se na intransigência com que defendeu a idéia de que a felicidade
humana, traduzida na segurança social, é mais importante do que a ênfase aos
disparos de canhões e metralhadoras que levam a desgraça aos quatro cantos do
planeta.
Levar o exemplo de Josué de Castro para estudantes do ensino fundamental
de escolas públicas municipais e estaduais, seja de Mossoró ou de qualquer
outro município potiguar ou brasileiro, constitui-se, indubitavelmente, em
importante fundamento que alicerça a formação de novas consciências, tendo em
vista que ao superar a pobreza crônica, apostando na educação e na cultura, fez
de Josué de Castro modelo a ser seguido a fim de buscar novos horizontes em uma
sociedade estruturada de forma rígida e inflexível no que diz respeito à
manutenção dos privilégios que a cada dia que passa se tornam mais intensos e
desrespeitosos para os que sofrem com as condições sociais aviltantes impostas
pelos homens contra os próprios homens.
Em primeiro de abril de
1964, o pernambucano e cidadão do mundo Josué Apolônio de Castro se encontrava
ocupando o posto de embaixador do Brasil junto aos organismos da ONU, em
Genebra, Suíça. Na década de 50 havia ocupado a presidência da FAO, marcando
época em razão da forma intransigente como defendeu o acesso pleno da população
do globo às conquistas da era moderna, incluindo, primordialmente, o direito de
toda a população do planeta desfrutar de nutrição digna, bem como a
implementação de uma existência humana sob a égide da paz.
Com o advento
do regime militar, triunfando idéias reacionárias e conservadoras, as quais se
contrapunham às propostas inovadoras do governo Jango, Josué de Castro pediu
demissão do alto cargo que ocupava a serviço do governo democrático brasileiro.
Esse brasileiro que lutou incessantemente em prol da paz e pela erradicação da
fome no planeta encabeçava lista de banidos, divulgada pelo Ato Institucional
Nº 1, cuja publicação foi efetivada onze dias após o golpe de 1964. Os
militares escolheram a dedo importantes personalidades dos cenários
político-sociais e intelecto-culturais brasileiros, consideradas esquerdistas,
cujas idéias eram contrárias à bandeira erguida sobre o lema Deus, Pátria e
Família, tornando-os renegados. Os objetivos, claros e óbvios, eram destilar
ódio e garantir a manutenção do status quo que estava sendo ameaçado pelas
idéias populistas do herdeiro político de Vargas, deposto pela força das
baionetas, bem como das de suas bases de sustentação, as quais abrigavam também
os temidos comunistas.
Josué de Castro escolheu Paris, capital da França, para fixar-se com a família
durante o exílio, o qual pensava ser breve, em sua lúdica imaginação. Lecionou
em instituições de ensinos superiores francesas e se aproximou mais ainda de
importantes personalidades mundiais, frisando que o mesmo era uma dessas. Nas
décadas de 50 e 60 do século passado, três figuras eram indispensáveis quando
das reuniões da Organização das Nações Unidas, cujos temas se referissem ao
gênero humano: Lord Boyd Orr, o idealizador da FAO, Bertrand Russel e Josué de
Castro. Esse grande brasileiro não esqueceu de dar continuidade às suas
batalhas em prol da melhoria da qualidade de vida de significativa parcela da
humanidade, a qual ainda sofre de forma inclemente com os efeitos da fome
epidêmica. Concentrou sua preocupação e propostas, primordialmente, na busca de
solução para os dramas que afligem excluídos do Terceiro Mundo.
Pacifista por convicção, Josué de Castro acreditava que
revertendo o montante volumoso de capitais destinado ao armamentismo,
aplicando-o na produção visando atender necessidades básicas dos seres humanos
do planeta, seriam atingidos níveis satisfatórios de desenvolvimento humano em
todo o mundo.
Condenou com veemência a dinâmica da indústria bélica, alimentada
pelo ódio e pela busca da hegemonia, do poder estratégico em diversas escalas.
Os militares, cujo pensamento era contrário às idéias e às lutas encabeçadas
por Josué de Castro, sabiam da importância desse cientista e ativo militante
político, principalmente no que diz respeito à necessidade
As instituições de ensinos superiores foram proibidas de comentar, explanar
divulgar ou até mesmo fazer breves referências sobre o homem que revolucionou a
Ciência, devido inovação metodológica que permitiu mapear os grandes problemas
sociais enfrentados pelo país e pelo mundo. Livros de sua autoria foram banidos
das universidades brasileiras e bibliotecas, sendo declarados malditos. Sua
principal obra, intitulada Geografia da Fome, de 1946, é um marco no que diz
respeito à elucidação dos contrastes da realidade brasileira. Cinco anos
depois, quando do lançamento de Geopolítica da Fome, Josué de Castro dinamizou
o mais importante estudo realizado no planeta sobre o grande flagelo que
maltrata parcela significativa da humanidade.
A pregação
pacifista de Josué de Castro, bem como sua desmistificação ao ufanismo que
caracterizou acentuadamente as décadas de cinqüenta e sessenta, provando
cientificamente os males e as agruras da fome, até então ocultos, o transformou
em persona non grata ao regime militar brasileiro, então
representante e gestor dos interesses da elite hegemônica e do capital
transnacional.
Em
Paris, Josué de Castro tentou, sem nenhum sucesso, fazer com que a embaixada
brasileira enfatizasse os trâmites legais a fim de que este renomado cientista
pudesse regressar ao solo brasileiro. Todos os seus pedidos foram
insistentemente negados.
A
Ditadura Militar, cujos dirigentes viam o armamentismo como condição
imprescindível de existência, enxergava em Josué Apolônio de Castro uma ameaça
potencial à efetivação de seus interesses, de servir à burguesia em suas
pretensões de maximização de lucros.
Lutar
em favor dos deserdados do sistema representaria contestação inadmissível ao
poder das baionetas. Torturas e inúmeras arbitrariedades, assessoradas pelo Ato
Institucional Nº 5, eram fatos corriqueiros na conjuntura nefasta dominada pelo
terror imposto pelos militares.
Uma
semana antes do dia 24 de setembro de 1973, quando faleceu o mais influente e
importante cientista e militante político brasileiro do século XX, morto de
infarto e, mais ainda, provocado pela saudade do Brasil, detentor do título de
cidadão do mundo, indicado duas vezes para concorrer ao prêmio Nobel da Paz,
entre outros, como o Prêmio da Academia de Ciências dos EUA, reiterou, sem
sucesso, solicitação à embaixada brasileira de visto em passaporte.
Como Josué de
Castro e suas idéias eram temidos pelos militares está traduzido no verdadeiro
esquema de segurança montado pelos órgãos de repressão quando do seu enterro no
Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro.
Acredito que a família cometeu um grave erro, pois Josué de Castro deveria ter
sido sepultado na França, aumentando, dessa forma, o grau de culpa da Ditadura
Militar no que diz respeito à maneira medíocre como essa infame estrutura de
governo instalado no Brasil, a partir de 1964, estendendo-se até 1985, tratou o
mais importante brasileiro do século XX. Os militares o levaram à morte em
razão do amor e do compromisso que tinha com os excluídos do Brasil e do mundo,
por não permitirem que ele sentisse o cheiro da pobreza do Brasil e,
principalmente, dos mangues do Capiberibe, em Recife, Estado de Pernambuco, sua
cidade natal, assim como do povo que ele acompanhou em sua infância pobre, que
nos mangues busca o sustento, estando aí a razão original do despertar das
lutas e das idéias desse espetacular homem de Ciência, cuja projeção e
reconhecimento se revelaram espetaculares, a nível global, mas que se tornou
vítima da infâmia e da mediocridadede uma parcela intransigente e conservadora
da espécie humana, capaz de tudo para garantir privilégios.
Desconhecido da maioria das gerações presentes, Josué Apolônio de Castro,
gradativamente, rompe o casulo que o ostracismo perverso dos militares
determinou no ensejo do verdadeiro complô estruturado com o objetivo de
alijá-lo da memória nacional.
Reconhecer
a importância da clarividência disseminada pelas obras e pelas lutas desse
grande brasileiro significa referendar a necessidade de intervir no modelo,
tornando-o humano e menos fomentador de contrastes aviltantes entre as classes
sociais.
Josué
de Castro foi um profeta das Ciências Sociais no planeta. Quando da publicação
de clássico intitulado “Geografia da Fome” no ano de 1946, lançado
imediatamente pós-segunda grande guerra, um dos mais importantes livros de sua
extensa produção, foi traduzido em vinte e cinco idiomas, demonstrando a
importância da análise efetivada pelo consciente pernambucano.
A regionalização brasileira enfatizada em “Geografia da Fome” destacou a
existência de cinco áreas com características singulares no que diz respeito
aos aspectos nutricionais: A amazônica, o nordeste açucareiro, o sertão, o
centro e o sul.
Josué de
Castro inovou ao inserir perspectivas analíticas diferenciadoras da produção
científica em voga, contestando as previsões apocalípticas de Malthus e denunciando
a concentração da terra no Brasil. Provou que em 1946 havia condições concretas
de alimentar a multidão de famintos se houvesse prioridade para a agricultura
familiar.
Os livros “Geografia da Fome” e “Geopolítica da Fome”, publicado
no ano de 1951, renderam importantes prêmios internacionais a Josué de Castro.
A luta em prol da paz fez com que o renomado cientista nacional fosse indicado
duas vezes para o prêmio Nobel destinado a esta categoria. Josué de Castro foi
indicado ainda para concorrer ao Nobel de medicina em razão dos seus estudos
sobre a nutrição no planeta. Infelizmente não foi contemplado em nenhum dos
setores.
Pela publicação da “Geografia da Fome”, Josué de Castro recebeu o prêmio
Roosevelt da Academia de Ciências dos EUA e em razão de sua luta sem trégua por
um mundo sem guerras, pela criteriosa ênfase ao pacifismo, recebeu o prêmio
internacional da paz.
Nos dias de hoje, cerca de 16 milhões de pessoas, de brasileiros, vivem
abaixo da linha da pobreza, sobrevivendo com menos de setenta reais por mês.
Caso as pregações de Josué de Castro tivessem sido colocadas em prática há mais
tempo a situação desumana vivida por esses seres humanos, gente como a gente,
não estaria tão grave, não obstante no presente estar havendo certo alento no
que diz respeito à importância de determinadas políticas públicas que visam
erradicar a fome e a pobreza crônica no Brasil, embora ainda primem pelo mero
assistencialismo, pois a geração de emprego e renda é absolutamente necessária
a fim de combater esses males sociais.
Eficaz distribuição de terras como devido implemento às
condições necessárias a fim de fixar o homem no campo ainda não foram
concretizadas. O latifúndio e a ganância dos poderosos ainda perduram na
atualidade, imperando as exigências do agrobusiness a fim de garantir
as impecáveis exigências do mercado externo, reeditando a essência do pacto
colonial que viabilizou o sistema de plantação.
Mais de 50% dos milhões de miseráveis brasileiros se concentram no
nordeste brasileiro no qual nasceu Josué de Castro. Não mudou nada desde a
publicação da “Geografia da Fome”, ou seja, a porção rica e privilegiada do
espaço geográfico nacional encontra-se impecavelmente estruturado, não obstante
haver pobreza a mais do que quando do lançamento do célebre livro, em razão do
avanço da urbanização motivada principalmente pela industrialização tardia e
dependente que começou a ser definida quando do governo entreguista de JK.
As denúncias esboçadas por Josué de Castro há sessenta e cinco anos
ainda não suscitou correção das distorções aviltantes que fazem da sociedade
brasileira uma das que mais se destaca pela concentração abusiva de renda que
se responsabiliza pela exponência da fome e da miséria absurdas em território
nacional.
O projeto de extensão intitulado “Discutindo a importância da atualidade
do pensamento de Josué de Castro em Escolas Públicas Municipais e Estaduais de
Mossoró” foi iniciado no primeiro bimestre de 2008. Buscamos marcar o
centenário de nascimento de Josué de Castro, ocorrido em cinco de setembro de
2008, disseminando informações sobre suas idéias e perspectivas para os
problemas sociais que afligem consideravelmente o planeta nos dias de hoje.
O que motivou a elaborar esse projeto de extensão foi a constatação que
Josué de Castro ainda é desconhecido da grande maioria, pois as imposições da
ditadura militar no que diz respeito á necessidade, para os militares e para os
donos do poder, de apagá-lo da memória nacional ainda tem sua vigência. Outro
forte motivo para termos elaborado este projeto de extensão encontra-se na
constatação de que a fome se intensificou extraordinariamente, cumprindo as
profecias que Josué de Castro fez há mais de 40 anos. Além do mais, nunca foi
preciso tanto que a paz, outro importante pilar do pensamento do cientista
brasileiro, esteja presente em nosso cotidiano.
À frente desse projeto de extensão estão dois professores, lotados no
Departamento de Geografia do Campus Central da UERN: Prof. Ms. José Romero
Araújo Cardoso, coordenador, e Prof. Dr. Benedito Vasconcelos Mendes,
subcoordenador. A UERN apóia o projeto através da institucionalização do mesmo,
via Departamento de Geografia.
Os alunos demonstram bastante interesse, pois se identificam de imediato com as
defesas de Josué de Castro, bem como com a vida dele, pois Josué teve uma
infância pobre, bem humilde, com muito esforço chegou à posição desfrutada na
década de cinqüenta e de sessenta, quando se tornou uma das mais importantes
personalidades do planeta. Levamos o exemplo dele para as salas de aula do
ensino fundamental das Escolas Públicas Municipais e Estaduais de Mossoró, como
forma de motivar os alunos a nunca desistir dos estudos, a seguirem os passos
de Josué de Castro, pois ele superou a pobreza através da educação e da
cultura.
Pretendemos assistir todas as Escolas Públicas Municipais e Estaduais de
Mossoró, primeiro na zona urbana e depois na zona rural. Depois levaremos o projeto
de extensão intitulado “Discutindo a importância da atualidade do pensamento de
Josué de Castro em Escolas Públicas Municipais e Estaduais de Mossoró” para
outros municípios da região.
Josué de Castro parece que ainda é um tema proibido. O trabalho que a
ditadura fez no sentido de ocultar o nome desse grande cientista e suas idéias
ainda tem sua vigência. Timidamente a mídia abre pequenos
espaços para expor a importância desse grande brasileiro, mas as iniciativas
ainda soam restritas, por isso Josué de castro e suas defesas se constituem em
informações quase inéditas para a maioria dos professores das escolas públicas
municipais e estaduais que assistimos até o presente momento.
As principais idéias de Josué de Castro são que a fome é um produto de
estruturas defeituosas, fabricada pelo homem contra o próprio homem, e que
somente com amor e solidariedade poderemos superar os contrastes. Outra pedra
angular do pensamento de Josué de Castro é que a paz é condição sine qua
non para extinguir o drama da fome. Josué de Castro defendia que a
segurança social é mais importante do que a segurança nacional baseada em
armas, pregando a contenção imediata do armamentismo que exige bilhões e
bilhões e que o montante resultante dessa poupança fosse investido em
alimentação, saúde, educação, etc., na segurança social. Devido esta defesa
intransigente da segurança social, a ditadura militar elegeu Josué de castro
inimigo público número um, tornando-o persona non grata, pois ele morreu
de saudades do Brasil quando do exílio na França.
Em primeiro lugar notamos que há nítida motivação, constatada através
das fotografias da aplicação do projeto, em seguida a contribuição encontra-se
no despertar de novas consciências acerca dos problemas nacionais, pois a
essência do pensamento de Josué de Castro é mais atual do que nunca.
Para a formação desses jovens, o exemplo de Josué de Castro é
importantíssimo, tendo em vista que ele proveio da mesma classe do público-alvo
assistido. Poderíamos, em verdade, passar tempo considerável elencado a série
de contribuições propiciada pelo projeto de extensão intitulado “Discutindo a
importância da atualidade do pensamento de Josué de Castro em Escolas Públicas
Municipais e Estaduais de Mossoró”, mas em linhas gerais podemos afirmar que
viabilizar a descoberta das contradições da sociedade e a ênfase à identidade
são efetivas contribuições para o jovem brasileiro, sobretudo quando
impressionante crise de valores assola a juventude de hoje, principalmente no
que diz respeito à apatia para a importância da educação e da cultura como
molas propulsoras das transformações.
No ensejo das comemorações referentes ao centenário de nascimento do
cientista Josué de Castro, cuja luta concentrou-se no estudo de proposta sobre
o problema da fome e na defesa da importância da paz, propusemos extensão de
conhecimentos sobre o importante teórico nacional para alunos do ensino
fundamental de escolas públicas municipais e estaduais de Mossoró - RN, cumprindo
50% da proposta contida no projeto extensionista.
Marca o objetivo desse projeto de extensão dinamizar conhecimentos sobre
Josué de Castro e suas propostas de cidadania para docentes e discentes do
ensino fundamental de escolas públicas municipais mossoroenses.
A metodologia constou de exposição sobre a vida, obras, lutas, defesas e
agruras de Josué de Castro, exibição de vídeo-documentário por título Josué de
Castro: Cidadão do Mundo, dirigido pelo cineasta Sílvio Tendler, debates e
solicitação de redações sobre o tema abordado, com ênfase à atualidade do
problema da fome.
Sete escolas municipais foram visitadas na primeira etapa do projeto
extensionista, cujos discentes do ensino fundamental produziram ao todo 156
textos dissertativos sobre a temática abordada, sendo que no Colégio Evangélico
Leôncio José de Santana, cuja visita da equipe ocorreu no dia 27 de maio de
2008, os alunos, em um total de 65 presentes, entregaram 8 redações, sendo 100%
do 9º ano. Na Escola Municipal Ronald Pinheiro Neo Júnior, cuja visita da
equipe ocorreu no dia 03 de junho de 2008 os alunos, em um total de 80
presentes, entregaram 18 redações, sendo 12 do 5º ano (66,6%), 1 do 6º ano
(5,5%), 2 do 7º ano (11,1%) e 3 do 8º ano (16,6%). Na Escola Municipal Dinarte
Mariz, cuja visita da equipe ocorreu no dia 17 de junho de 2008, os alunos, em
um total de 75 presentes, entregaram 6 redações, todas do 4º ano. Na Escola
Municipal Francisco de Assis Batista, cuja visita da equipe ocorreu no dia 24
de junho de 2008, os alunos, em um total de 84 presentes, entregaram 42
redações, sendo 21 do 6º ano (50%), 10 do 7º ano (23,8%), 11 do 9º ano (26,1%)
e 3 do 8º ano (16,6%). Na Escola Municipal Castro Alves, cuja visita da equipe
ocorreu no dia 10 de junho de 2008, os alunos, em um total de 45 presentes,
entregaram 26 redações, sendo 6 do 3º ano (23%), 4 do 4º ano (15,3%) e 16 do 5º
ano (61,5%). Na Escola Municipal Joaquim Felício de Moura, cuja visita da
equipe ocorreu no dia 08 de julho de 2008, os alunos, em um total de 96
presentes, entregaram 56 redações, sendo 22 do 5º ano (39,2%), 5 do 6º ano
(8,9%), 8 do 7º ano (14,2%) e 21 do 9º ano (37,5%). Nenhum discente da Escola
Municipal José Benjamin, cuja visita da equipe ocorreu no dia 22 de julho de 2008,
entregou redação. Não obstante a ausência de textos produzidos na Escola
Municipal José Benjamin foi relevante o resultado obtido na primeira etapa do
nosso projeto de extensão, tendo em vista que constatamos empiricamente a
acolhida às informações transmitidas ao longo da concretização dos trabalhos,
inéditas para a maioria do público-alvo, personificada na demonstração de
interesse dos discentes através da elaboração de redações sobre o tema
enfocado.
Na segunda etapa do projeto de extensão sobre a importância e a
atualidade do pensamento de Josué de Castro, foram visitadas quatro escolas
públicas estaduais, pois em razão da greve deflagrada recentemente ficou
impossibilitado de contemplar todas as unidades educacionais selecionadas. Na
Escola Estadual Moreira Dias, cuja visita da equipe ocorreu no dia 04 de
novembro de 2008, os alunos em um total de 62 presentes, todos do 7º ano,
produziram 27 redações, ou seja, apenas 43,5% dos presentes. Na Escola Estadual
Monsenhor Raimundo Gurgel, cuja visita da equipe ocorreu no dia 11 de novembro
de 2008, registrou-se a presença de 69 alunos, os quais produziram 69 redações,
ou seja, 81,5%, todos do 6º ano. Na Escola Estadual Santa Terezinha, cuja
visita da equipe ocorreu no dia 18 de novembro de 2008, estiveram presentes 58
alunos, os quais produziram 58 redações, perfazendo um percentual de 100% dos
presentes que entregaram redações, sendo 30 do 7º ano ( 51,7%) e 28 do 8º ano
(48,3%). Na Escola Estadual Padre Sátyro, cuja visita da equipe ocorreu no dia
25 de novembro de 2008, os alunos, em um total de 53 presentes, produziram 19
redações, ou seja, apenas 35,8% dos presentes, sendo 8 do 5º ano ( 42,1%), 5 do
4º ano ( 26,3%) e 6 do 3º ano (31,6%).
As Escolas
Estaduais Onzieme Rosado Fernandes Maia, Paulo Freire e Sólon Moura ficaram
para ser contempladas na próxima etapa do projeto de extensão em que se discute
a importância e a atualidade do pensamento de Josué de Castro em escolas
públicas municipais e estaduais do município de Mossoró/RN. Devido a
impedimento em razão da greve docente da rede estadual de ensino do Estado do
Rio Grande do Norte, deflagrada no início do mês de março de 2008, apenas 78,5%
das escolas contempladas puderam ser visitadas, embora na rede municipal 100%
das unidades de ensino foram visitadas e na rede estadual 57,1% puderam ser
assistidas pela equipe que faz projeto de extensão sobre Josué de Castro, o
qual se encontra inserido em pauta de trabalho docente do Departamento de
Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do
Estado do Rio Grande do Norte.
Quando o
calendário marcar o dia vinte e quatro de setembro de 2013 assinalar-se-á a
triste cronologia referente aos quarenta anos de falecimento no exílio na
França do médico, geógrafo, sociólogo e cidadão do mundo Dr. Josué Apolônio de
Castro.
O célebre autor de Geografia da Fome (1946) e Geopolítica da Fome
(1951) integrou a lista dos cassados políticos pela Ditadura Militar quando da
publicação do Ato Institucional Número Um (AI-1), o qual, além de Josué de
Castro, trazia ainda nomes que também foram banidos do país e que tiveram
grande importância política, social e intelectual no Brasil antes do advento do
militarismo, a exemplo de Leonel Brizola, Juscelino Kubitschek de Oliveira,
Jânio Quadros, João Goulart, Neiva Moreira, Pelópidas Silveira, Miguel Arraes,
entre outros.
Josué de Castro recebeu convites de diversos países para que
cumprisse o exílio de dez anos imposto arbitrariamente pela junta militar que
assumiu o poder em primeiro de abril de 1964 em nosso país. Escolheu a França
para vivenciar sua desdita, tendo em vista que era muito apegado às raízes, ao
solo pátrio, ao nordeste brasileiro e ao Estado de Pernambuco.
O grande cientista que presidiu o Fundo das Nações Unidas para a
Agricultura e Alimentação (FAO) em duas oportunidades (1952-1954 e 1954-1956),
tendo sido laureado com significativas honrarias, como o Prêmio Internacional
da Paz e o Prêmio Roosevelt da Academia de Ciências dos Estados Unidos, pela
publicação do clássico livro Geografia da Fome, além de indicado duas vezes
para concorrer ao Prêmio Nobel da Paz, considerava-se injustiçado pelos
militares quando de sua cassação e exílio.
Josué de Castro passou a sofrer graves crises depressivas em seu
ostracismo em terras estrangeiras, não obstante ter intensificado a luta
humanista e voltado a lecionar em renomadas Instituições de Ensino Superior
Francesas, como a Sorbonne e Vincennes.
No Brasil, suas obras estavam censuradas, seu nome proibido e vítima de
espetacular processo de exclusão da memória nacional, a qual ainda,
infelizmente, perdura como resquício das imposições ditatoriais dos militares,
cuja visão reacionária vislumbrava Josué de Castro como “inimigo da pátria”, um
verdadeiro “traidor” dos ideais alicerçados na Ordem e no progresso, tendo em
vista a forma incisiva como meteu o dedo na ferida das desigualdades,
denunciando a fome como um flagelo fabricado pelos homens contra seus próprios
semelhantes e não resultado de “causas naturais” como era pensado pela Ciência
distorcida que orientava a construção social em sua época.
Mesmo no exílio, Josué de Castro era monitorado pela Ditadura Militar, a
qual o enxergava como “notório comunista”, pois suas idéias, independência e
ousadia eram vistas como ameaças ao sistema instituído em abril de 1964, cuja
ideologia desenvolvimentista primava pelo privilégio de uma minoria
historicamente beneficiada em detrimento das necessidades da imensa maioria
deserdada ao longo da evolução Histórica e Social Brasileira.
As crises depressivas da maior inteligência brotada em solo
brasileiro intensificaram-se em razão das constantes negativas da Embaixada
Brasileira em dar visto em seu passaporte, o que garantiria retorno à sua terra
natal. O Embaixador Brasileiro na França que se notabilizou pela intransigência
de não permitir o retorno de Josué de Castro ao Brasil era o General Aurélio
Lyra Tavares.
Faltando menos de sete meses para que se cumprisse o tempo de
exílio determinado pelo AI-1, no caso dez longos anos, falhava
irremediavelmente o coração do velho batalhador pelas justas causas da
humanidade.
Josué de Castro faleceu em seu apartamento na capital francesa. Mesmo
morto, os militares ainda viam em Josué de Castro ameaça à ordem estabelecida,
pois houve uma série de exigências, como a proibição de fotografias, para que
se efetivasse a permissão dos militares para que seu corpo fosse enterrado no
cemitério São João Batista no Rio de Janeiro.
A atualidade do pensamento de Josué de Castro ainda assusta a elite dominante,
tendo em vista que ainda permanece desconhecido de grande parte da população
brasileira por quem tanto batalhou e empenhou sua vida a fim de lutar por
melhores condições de vida para um povo sofrido que, mais do que nunca, espera
por melhores dias que possam permitir usufruto de existência digna dentro dos
padrões humanitários que foram intensamente pregados pelo valente pernambucano
que nas décadas de cinquenta e sessenta do século passado tornou-se uma das
mais importantes personalidades do planeta graças a defesa célebre da
valorização do gênero humano em todas as dimensões.
REFERÊNCIAS
CARDOSO, José
Romero Araújo; MENDES, Benedito Vasconcelos. “Discutindo a Importância da
Atualidade do Pensamento de Josué de Castro em Escolas das Redes Estadual e
Municipal de Ensino do Município de Mossoró - Estado do Rio Grande do Norte”.
Mossoró/RN, PROEX/UERN, 2008 (Projeto de Extensão)
CASTRO, Anna
Maria de (org.). Fome: um tema proibido - últimos escritos de Josué
de Castro. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003
CASTRO, Josué
Apolônio de. Geografia da Fome – O dilema brasileiro – Pão ou Aço. 10
ed. Revista. Rio de Janeiro: Edições Antares, 1984
_____. Geopolítica
da Fome – Ensaio sobre os problemas de alimentação e de população no
mundo. 4 ed. Revista e aumentada. São Paulo: Editora Brasiliense, 1957, vol. 1
e 2
____. O
livro negro da fome. São Paulo: Editora Brasiliense, 1957.
_____. Ensaios
de Geografia Humana. São Paulo: Editora Brasiliense, 1957
_____. Ensaios
de Biologia Social. São Paulo: Editora Brasiliense, 1957
_____. Homens
e Caranguejos. Porto: Editora. Brasília, 1967
MENEZES, Francisco
R. de Sá. Josué de Castro: Por um mundo sem fome. São Paulo:
Mercado Cultural, 2004. 120p. il. (Projeto Memória, 8)
CASTRO, Josué
de. Disponível em .< http://www.josuedecastro.org.br/jc/jc.html.>
. Acesso em 22 de janeiro de 2013
"Geografia
da Fome", de Josué de Castro, faz 60 anos. Disponível em <http://www.fomezero.gov.br/noticias/geografia-da-fome-de-josue-de-castro-faz-quarenta-anos.>
Acesso em 22 de janeiro de 2013
TENDLER, Sílvio. Josué
de Castro - Cidadão do Mundo.[Vídeo –documentário]. Rio de Janeiro:
Bárbaras Produções, 1996
BENEDITO
VASCONCELOS MENDES
Graduação em
Engenharia Agronômica pela Universidade Federal do Ceará (1969), Mestrado em
Microbiologia Agrícola pela Universidade Federal de Viçosa (1975) e Doutorado
em Agronomia (Fitopatologia) pela Universidade de São Paulo (1980). Atualmente
é professor adjunto IV da Universidade do Estado do Rio Grande do
Norte.Ex-presidente da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte
(EMPARN), ex-chefe geral da EMBRAPA MEIO NORTE, em Teresina-PI, ex-presidente
da Fundação de Pesquisa Guimarães Duque e atual Superintendente Federal de
Agricultura no Estado do Rio Grande do Norte. Publicou vários livros sobre o
desenvolvimento regional, entre eles: Alternativas tecnológicas para a
agropecuária do Semi-Árido (Ed. Nobel, São Paulo), Plantas e animais para o
Nordeste (Ed. Globo, Rio de Janeiro) e Biodiversidade e desenvolvimento
sustentável do Semi-Árido (editado pela SEMACE, Fortaleza-CE).
JOSÉ ROMERO
ARAÚJO ROMERO
Especialista
em Geografia e Gestão Territorial (UFPB-1996) e em Organização de Arquivos
(UFPB - 1997). Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade do
Estado do Rio Grande do Norte (2002). Atualmente é professor adjunto IV do
Departamento de Geografia/DGE da Faculdade de Filosofia e Ciências
Sociais/FAFIC da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte/UERN. Tem
experiência na área de Geografia Humana, com ênfase à Geografia Agrária,
atuando principalmente nos seguintes temas: ambientalismo, nordeste, temas
regionais. Espeleologia é tema presente em pesquisas.
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Observação:
Este endereço tem a palavra "Cangaço", mas não tem nada a ver com o tema, foi um erro no momento de sua criação. Ainda não conseguimos fazer outro link de acordo com o material postado.




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