Por: José
Mendes Pereira
ALUNO ENTREVISTA O PROFESSOR JOÃO MALEÁVEL
Aluno ―
Professor João Maleável, se o senhor fosse escolhido para definir sala de aula,
qual o conceito que o senhor daria?
João Maleável ―
Eu diria que sala de aula é: um pequeno circo, coberto e edificado com barros,
abstraindo a lona, com vários profissionais, uns bons, outros bem melhores ainda,
outros apenas acomodados, mas são bons, os quais apresentam os seus espetáculos com toda
simpatia dentro dele, e oferecem a uma plateia que
não exige absolutamente nada dos apresentadores.
Aluno ― O
senhor gosta de sala de aula?
João Maleável ―
Até hoje eu não sei se... Deixa pra lá... Isso é coisa...
Aluno ― O
senhor fez concurso para se empregar na educação?
João Maleável ―
Não. Quando eu comecei a trabalhar na rede pública, o nome da Constituição do
Brasil ainda era escrito com letras minúsculas, e era uma verdadeira bagunça.
Para se adquirir um emprego na rede pública era preciso apenas que o sujeito tivesse um QI.
Aluno ―
E o que significa QI, professor?
João Maleável ― Essas duas letras Q e I, significam “Quem Indique.” Se alguém tivesse uma
pessoa forte e envolvida com os políticos, já estava empregado em uma repartição
pública.
Aluno ― O
senhor pretende viver sempre em sala de aula?
João Maleável ― Que pergunta hein!
Aluno ― O
senhor acha que o governo do Estado paga bem aos professores?
João Maleável ―
Bem mal.
Aluno ─ O
que o senhor diz sobre os governos, são bons?
João Maleável –
São bons, mas de peia. Ora!
Aluno ― O
senhor é contra ou é a favor de greve?
João Maleável ― Se nós
não brigarmos pelos nossos direitos, jamais aumentaremos os nossos salários.
Aluno ―
Quando o senhor está gozando férias, sente saudades das aulas?
João Maleável —
O quê? Que saudades? De quem, finalmente? Ora! – Responde ele com
ignorância.
Aluno —
Qual é o período que o senhor lembra mais de uma sala de aulas?
João Maleável —
Eu me lembro, mas o contrário. É quando se aproxima o carnaval. Se chegar o
carnaval, as aulas também chegam. Nesse período me dá dores de todas
as maneiras. Dor de barriga, dor de dente, dor de ouvido, dores nas costas,
enfim... Deixa pra lá...
Aluno —
O senhor já pensou em algum dia ser diretor de uma escola?
João Maleável —
Eu acredito que o meu período de ser menino de recados já passou.
Aluno — O
senhor se relaciona bem com a supervisão, orientação e a coordenação?
João Maleável —
Bem demais! Mas tem umas chatinhas e entregam os professores aos diretores nas
surdinas... Não são todas... Mas é isso aí... Eu as respeito...
(Tenha paciência, João Maleável! As coisas não são como você pensa.
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