Por: Rabgel Alves da Costa(*)
O
MISTERIOSO G. H.
Moreno,
alourado, negro, albino, ninguém sabe ao certo sua cor. E também se é de
estatura mediana, ou se é alto ou baixo. Do mesmo modo, impossível dizer se é
jovem, velho ou apenas maduro. Também ninguém sabe se é gordo ou magro.
A única coisa
que sabem a seu respeito é que é misterioso demais, talvez o mais misterioso
dos seres humanos. Não há sequer certeza se é homem, mulher ou meio termo.
Até o seu nome é envolto em mistério, pois denominado apenas G. H.
Mas G. H. são
apenas iniciais e não quer significar absolutamente nada, até porque certamente
o seu verdadeiro nome não se inicia com tais letras. Ninguém tão misterioso
manteria suas iniciais verdadeiras. Mas por quê?
G. H. até
poderia ter outro significado que não propriamente letras iniciais de um nome.
Poderia ser, por exemplo, símbolos de uma seita: Grande Horror; a identificação secreta
de um ser extraplanetário: Golumm Hiopi; ou as primeiras letras de uma
organização terrorista: Genocidas Humanos. Não me atrevo a afirmar nada,
principalmente porque pode ser até mesmo algo muito pior, extremamente horrorizante.
Ou não.
E não porque
não pode ser afastada a hipótese de que o misterioso G. H. seja totalmente
diferente das insinuações feitas. E se for um ser do bem, uma pessoa boa, algo
especial e importante na vida terrena, e que por sua ação diferenciada não pode
ser conhecido ou identificado?
Daí que sob o
véu de tanto mistério pode muito bem estar um anjo celestial revestido de
humano. Também não é impossível que seja uma dessas almas bondosas que agem no
anonimato, que parecendo invisíveis estão sempre presentes junto aos enfermos,
necessitados, das pessoas mais carentes.
Contudo, o que
soube ontem a respeito do misterioso G. H. me fez afastar essa possibilidade de
ser bondoso que age às escondidas. Vou revelar: Confidenciaram-me, olhando para
os lados e tomados de espanto, que a tal sombra misteriosa foi vista no meio da
noite e, o que é pior e mais instigante, em muitos lugares ao mesmo tempo.
Perguntei como
tinham certeza disso e a resposta veio ainda mais estarrecedora. Eis que um
afirmou ter avistado uma figura de capa escura e chapéu entrando, sem precisar
abrir o portão, à meia-noite no cemitério. Outro avistou, com as costas nos
dois lados do corpo, sumindo num beco escurecido. Já outro jurou que caminhava
por um beco escuro e correu ao perceber. Contudo, quanto mais corria mais
avistava a figura em pé adiante.
Indaguei a
este como conseguiu se livrar da perseguição e ouvi uma revelação descomunal:
Repentinamente tomou coragem e resolveu não mais correr. Seguiu calmamente em
direção ao que continuava um pouco mais à sua frente e, para seu espanto, o que
encontrou foi uma velhinha perguntando se podia acompanhá-lo, pois estava com
medo de andar sozinha àquela hora da noite.
E prosseguiu,
dizendo que achou muito estranho ter encontrado a velhinha no lugar da
misteriosa figura, mas ainda assim disse que poderia acompanhá-lo, mas antes
perguntou de onde ela vinha no meio daquela noite tão medonha e escurecida.
Então ela se voltou numa direção e apontou para um descampado. No instante não
viu nada anormal nisso, mas depois, quando já andava ao seu lado, é que se deu conta da verdade.
Ora,
prosseguiu o rapaz, logo lembrei que para o lado onde ela havia apontado, dito
de onde vinha, só existia um cemitério. E novamente perguntou à velhinha de
onde tinha vindo mesmo, ao que ela respondeu, numa voz um tanto cansada, que
acabava de chegar do cemitério, lugar onde vivia enterrada já desde uns cinco
anos. Mas estava ali porque precisava encontrar G. H.

Questionei
sobre o que aconteceu dali em diante e ele respondeu que depois do que ouviu
acerca do cemitério e de quem ela estava procurando não conseguia lembrar mais
de nada, pois o medo foi tão grande que acabou desabando no chão. E quando
acordou, não sabe como, mas já estava noutro lugar.
Achei deveras
estranha essa conversa, essa medonha revelação. Como estranha também era a
pessoa, que parecia falar tentando esconder o rosto. Não quis levar o assunto
adiante porque não estava acreditando nem um pouco naquilo que ele disse.
Aliás, em nada do que disseram a respeito do misterioso G. H.
Contudo, antes
que fosse embora perguntei o seu nome. E ouvi: Glauceste Hipácio, mais
conhecido também como... Mas não terminou de falar. Sumiu nas sombras. Será?
(*) Meu nome é
Rangel Alves da Costa, nascido no sertão sergipano do São Francisco, no
município de Poço Redondo. Sou formado em Direito pela UFS e advogado inscrito
na OAB/SE, da qual fui membro da Comissão de Direitos Humanos. Estudei também
História na UFS e Jornalismo pela UNIT, cursos que não cheguei a concluir. Sou
autor dos eguintes livros: romances em "Ilha das Flores" e
"Evangelho Segundo a Solidão"; crônicas em "Crônicas
Sertanejas" e "O Livro das Palavras Tristes"; contos em
"Três Contos de Avoar" e "A Solidão e a Árvore e outros
contos"; poesias em "Todo Inverso", "Poesia Artesã" e
"Já Outono"; e ainda de "Estudos Para Cordel - prosa rimada
sobre a vida do cordel", "Da Arte da Sobrevivência no Sertão -
Palavras do Velho" e "Poço Redondo - Relatos Sobre o Refúgio do
Sol". Outros livros já estão prontos para publicação. Escritório do autor:
Av. Carlos Bulamarqui, nº 328, Centro, CEP 49010-660, Aracaju/SE.
Poeta e
cronista
blograngel-sertao.blogspot.com
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