Por: Lúcia Rocha
Gonzaga
com seus livros na loja de carro.
Em dezembro de 2005, estive numa loja para comprar um bugre. Na
hora de fechar o negócio, entrei no escritório do dono, Luiz Gonzaga de Souza
e, para minha surpresa, deparei-me com uma biblioteca, algo raro, especialmente
numa loja de carro. Aquilo me marcou e dias depois retornei à loja e pedi um
depoimento a Gonzaga sobre sua biblioteca. Gonzaga, que é formado em Direito, é
proprietário da Gonzaga Veículos e casado com Neta, com quem tem três filhos: a
arquiteta Narjara, o administrador de empresas Artêmio e a médica, Nayara. Na
sua biblioteca, junto aos livros, também mantém coleção de miniaturas de carros
e de bonés. Esse depoimento foi publicado em 2006 na revista PRESENÇA, de
Marilene Paiva.
Os Livros
& Eu
Por Luiz
Gonzaga de Souza
“Meu
relacionamento com livro começou quando, menino, molecão ainda,
trabalhava em hotel. E hotel é uma coisa bastante visitada por gente
de todos os níveis.
Naquela época
gente importante vinha para o Nordeste e lembro-me de um general do Exército,
que me contou o passado dele. Rapaz pobre fazia biscate na rua, mas sempre com
um livro embaixo do braço. Quando tinha um tempo sentava-se no banco da
pracinha e ficava lendo. Então, isso me inspirou para que eu procurasse ler.
O primeiro
livro que li foi O Moço e Seus Problemas, do Padre Antônio Tomaz, se não
me engano. Muito antigo, até perdi esse livro. Marcou porque era bastante
instrutivo. Tenho necessidade de encontrá-lo para passar para meus filhos.
Havia também A Moça e Seus Problemas. Faz tanto tempo que nem encontro
mais esses livros.
Com o passar
do tempo, passei a gostar de livro técnico. Principalmente de vendas, relações
públicas e de relações humanas. Li alguns de literatura, mas sempre dando prioridade
a livros técnicos.
Tudo que lia,
guardava. Tem hora em que a gente acha que precisa fazer certa assepsia, uma
seleção, apesar de que livro não tem assepsia, tudo que tem letra para mim é
importante. Até os almanaques de antigamente a gente pode guardar, pois vai
precisar e encontra lá alguma coisa importante.
Comecei o
interesse para iniciar uma biblioteca quando fiz amizade com o comerciante e
professor da UERN, Raimundo Melo, dono da Padaria 2.001. Ele me falava que na
casa dele, em Fortaleza, tinha livros da sala da entrada até a cozinha. Isso me
despertou a ter amor pelos livros.
Nessa época
era solteiro, morava ainda com minha mãe. Não tinha uma biblioteca decente, mas
guardava meus livros em malas, nas gavetas, em cima da mesa.
Tempos depois
quando montei meu escritório na loja, pus estante e comprei mais livros. Tenho
livros em casa, também. Meus filhos não são de ler muito. Eles leem o que a
faculdade indica.
Hoje de tantas
opções que a gente tem na cidade, de jornais, revistas, o tempo para ler livro
fica muito reduzido. Praticamente não tenho lido. Mas quando me sobra tempo,
leio livros de vendas, porque ainda quero aprender. O conhecimento sobre o
assunto não esgota nunca.
Tenho aqui no
escritório diversas enciclopédias e coleções, como por exemplo, de relações
públicas, Machado de Assis, José de Alencar, Jorge Amado, estes são os mais
conhecidos. Depois disso a gente tem livros de psicologia e uma literatura mais
refinada.
Os clientes da
loja admiram porque não acham comum um vendedor de carro ter uma biblioteca. E
ler. Porque normalmente vendedor de carro se interessa pelo tipo de leitura
referente a motor de carro ou lançamentos.
Não acho que
livro seja algo para se emprestar. A maioria dos livros que emprestei não
retornou. Então, hoje tenho argumento muito forte para não mais emprestar.
Quando alguém acha que estou sendo injusto por não emprestar, então cito o nome
das pessoas que emprestei e não devolveram, elas se acalmam e aceitam. Li
recentemente a história de Maria Eulina - Catadora de Sonhos - e
resolvi comprar mais cinco exemplares. Quando me pedem emprestado, já digo:
“Pronto, está aqui. Pode ficar porque já tenho de reserva”.
Tenho lido
pouca coisa da Coleção Mossoroense, que é um pecado meu. Todos seus livros
são importantes. Sou apaixonado por biografias.
Temos livros
aqui com histórias fantásticas, que a gente precisa ler para se inteirar,
compreender, acompanhar como essas pessoas viveram.
Já faz um
tempinho que não ando em livraria. Os livros que tenho são coleções
que comprei há tempos. Boa parte, principalmente as coleções foram adquiridas
através de vendedores porta a porta.
Ver os filhos
estudar e se formando é o sonho de qualquer pessoa de origem humilde. Quer
dizer, de qualquer pai. Não somente de origem humilde. Todos querem ver seus
filhos formados e encaminhados.
E quando você
tem a origem bastante humilde... isso tem um sabor duplo”.
http://www.luciarocha.com.br/
Se você gosta de ler histórias sobre "Cangaço" clique no link abaixo:
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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