Por Clerisvaldo B.
Chagas, 13 de agosto de 2015. - Crônica Nº
1.471
Desde que a rapadura nordestina passou a ser exportada para a Europa que o olhar de desprezo mudou o ângulo. Servida na merenda de escolas alemãs, para evitar anemia, fez despertar os brasileiros. Temos a tradição da rapadura desde o século XVI, trazida dos Açores ou das Canárias.
Esse caldo de
cana cozinhado e endurecido era popular até a década de 60. No Nordeste foi
amplamente transportada em caixotes, em lombos de burro e, amplamente vendida
nas feiras livres. O costume de comer rapadura nessa região, em todos os
estados, sempre foi amplo, principalmente pela classe média e baixa da
população. Tão popular como o bacalhau e o charque, a rapadura sempre esteve em
evidência desde os escravos da Mata aos vaqueiros do Sertão. Servida pilada com
farinha ou não, tornou-se eficiente nos bornais dos retirantes, romeiros,
cangaceiros e forças volantes perseguidoras dos bandidos. Pilava-se também a
rapadura junto aos grãos de café nas fazendas e povoados sertanejos.
Rapadura
também é chamada raspadura que vem da origem da raspagem dos tachos. Ela é
feita a partir da cana-de-açúcar, após a moagem, fervura do caldo, moldagem e
secagem.
Em Alagoas,
fabricava-se rapadura, tanto na zona da Mata quanto na região serrana de Mata
Grande e Água Branca. As alturas do maciço daquelas cidades facilitavam o
plantio da cana e o fabrico da rapadura.
No
encarecimento de escravos, segundo, Evilásio Brito, dono de fabriqueta de
calçados e depois comerciante, em Santana, um proprietário escravocrata teve
uma ideia. Comprou dez moças escravas, apenas, e pediu a um negro da fazenda
para tomar conta. O negro aceitou a incumbência, mas pediu ao patrão para ser
abastecido todos os dias com rapadura, negócio fechado.
É bom saber
que a Índia é o primeiro fabricante do mundo e a Colômbia, o segundo. No
Brasil, o Nordeste é o maior produtor, com o estado do Ceará à frente.
Alguns estados
já usam o produto na merenda escolar como fonte de ferro.
Vamos comer
rapadura, gente!
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