sábado, 1 de novembro de 2014

A IGREJA DO ROSÁRIO DOS PRETOS

Por FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR

De todos os meios de expressão, a fotografia é o único que fixa para sempre o instante preciso e transitório. Nós, fotógrafos, lidamos com coisas que estão continuamente desaparecendo e, uma vez desaparecidas, não há mecanismo no mundo capaz de fazê-las voltar outra vez. Não podemos revelar ou copiar uma memória.
                                           Henri Cartier-Bresson

A Igreja de Nossa Senhora do Rosário, popularmente conhecida como a "Igreja dos Pretos",  foi derrubada para ser construído o Grupo Escolar João Ursulo, pelo Governo da Paraíba na gestão de Argemiro de Figueiredo, correligionário da velha UDN. A Usina Santa Rita até que tentou construir uma igreja semelhante na saída para o planalto, semelhante, porém, segundo o ex-Prefeito Heraldo Gadelha, em conversa certa vez comigo, disse que é uma fotografia mal feita, a outra igreja era em estilo barroco rococó e tinha beleza arquitetônica além da história de ser o lugar sagrado onde os escravos faziam suas orações, além de ter sido um patrimônio construído com sangue, suor e lágrimas, e que era o único lugar onde os escravos se viam libertos antes da liberdade da escravidão brasileira em nossa terra, o que cai como uma luva o pensamento do ex-prefeito de Santa Rita no que afirma a escritora Márcia Reis que “o melhor álbum de fotografia é a nossa memória, nela ficam gravadas fotos reais de momentos bons e ruins de nossa vida”, quando na verdade ambos nunca se conheceram e tem a mesma preocupação histórica e antropológica de uma realidade que o tempo levou.
                       
A Igreja do Rosário que tinha no local do atual grupo escolar, ficava de frente para o Rio Paraíba, tendo a casa do senhor vigário ao lado, que era uma das cinco casas que existia em 1851 quando foi construída a Igreja da Conceição. É fato concreto que no atual mercado central de Santa Rita funcionou o Cemitério Santana até 1930 na gestão Edgar Seiger. Acredito que a falta de profissionais no ramo fotográfico tenha sido o motivo de não termos fotografias de tais construções. A Matriz de Santa Rita ficou de 1776 a 1932 sendo capela comum, não tinha a atual torre, que foi construída e inaugurada na década de 30 do século 20. O pensador Ivan Lima afirma que “a fotografia, antes de tudo é um testemunho. Quando se aponta a câmara para algum objeto ou sujeito, constrói-se um significado, faz-se uma escolha, seleciona-se um tema e conta-se uma história, cabe a nós, espectadores, o imenso desafio de lê-las”, de modo que isso nos leva a crer que tem realmente sentido.    
                       
A gruta também não existia, isso é uma arquitetura nova que Monsenhor Rafael de Barros Moreira mandou edificar, quem construiu foi artífice do povo Severino Rodrigues, de saudosa memória e que residia à Rua Anísio Pereira Borges, ao lado oposto ao ex-Hospital Ceslau Gadelha, próximo ao pontilhão que dá acesso a Vila Operária Tibiri. Severino Rodrigues era uma artista na área da construção civil, apesar de ser um homem de poucas letras, ainda o conheci já bem maduro. A antiga Igreja Matriz, a primitiva que data de 1776, só a temos em fotografia, porque o saudoso Viegas conseguiu um fac símile com o senhor Salvador Guedes, seu amigo e antigo dono do Cine Avenida, e que procurou fazer a sua restauração com o seu saber artístico para salvar aquela relíquia, porém, presumo que ninguém de nossa terra tenha uma só foto da antiga Igreja do Rosário dos Pretos, que existia em nossa Terra. No tocante a fotografia do antigo cemitério existente no local onde atualmente está edificado desde 1940 o Mercado Central de Santa Rita, inaugurado na gestão de Diógenes Chianca, sendo Ruy Carneiro o Governador (Interventor) da Paraíba, também presumo que ninguém tenha, porque se tivesse já tinha aparecido, e é uma relíquia histórica. Essa pobreza em termos de referencial fotográfico do nosso passado recente se dá justamente porque naquele tempo a ciência fotográfica ainda vivia o tempo do “lambe-lambe”, a modernidade neste ramo é coisa nova em relação a outros progressos e/ou tecnologias.
                 
Antes da invenção da fotografia surgiram na face da terra os grandes artistas pintado o que viam, o exemplo disso é o caso de Pedro Américo, o intelectual e político, que se formou na Academia de Belas Artes, na Europa com ajuda de Dom Pedro II, inclusive desenhou o quadro da Independência do Brasil, o nosso 7 de setembro de 1822, dentre muitas outras pinturas igualmente importantes. Então em um passado recente tirar uma fotografia é uma coisa quase de impossível, poucos pessoas e poucos profissionais faziam agendamento com meses de antecipação para sair da Paraíba e ir para Recife, a “Veneza Brasileira”, para ser fotografado e a maioria desta fotografia constitui o acervo do domínio público nacional e que funciona na Fundação Joaquim Nabuco, na Capital pernambucana. Santa Rita teve vários fotógrafos, dentre os quais, Viégas, Salvador Guedes (era mais pintor do que fotógrafo), José Domingos, Fausto Ferreira, Antônio Bernardo Coutinho que foi sucedido por seu Zito do Foto, dentre outros profissionais da arte de irar retratos. Nas feiras públicas de Santa Rita tinha quem tirasse fotografia relâmpago no sistema do “lambe-lambe”, um desses profissionais era o pai do Bacharel João Vicente da Silva, já falecido, delegado de policia civil, santaritense como todos nós                   
                  
Santo Agostinho, Sermão: 215,6, ensina que “é a ressurreição dos mortos que distingue a vida de da nossa fé daqueles que morrem sem fé.
                 
Voltando ao caso especifico da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, podemos mencionar de que a senhora Julieta da Costa Gadelha, irmã de Ceslau da Costa Gadelha, (pai de Humberto, Ceslau, Rita e Heraldo da Costa Gadelha) e de Natanael da Costa Gadelha ( pai de Natinho, Manuel, Betinha, Eulina e João da Costa Gadelha), exerceu durante décadas a função de zeladora, uma espécie de administradora mor, sem salário de qualquer espécie, fazia uma grande festa religiosa com a ajuda do povo e do seu próprio dinheiro, foi assim até morrer, sendo auxiliada pela população devota da referida Virgem, valendo apenas destacar a presença de uma senhora do povo de nome Balbina, que continuou o trabalho de dona Julieta Gadelha, depois de sua morte. Neste tempo existia aqui uma grande festa com trinta dias de duração dedicada a referida Senhora do Rosário. Na tarde do dia 1º de novembro de cada ano, o povo de Santa Rita e de cidade vizinhas compareciam para tomar parte da procissão, acompanhada pelas autoridades locais: deputado, prefeito, vereadores, profissionais liberais e o povo em geral, ao som dos dobrados da Filarmônica São José, pertencente à edilidade santaritense.  Quando dona Julieta Gadelha era viva a festa do Rosário tinha mais brilho do que nos dias atuais, pois, quando alguém dizia: “Isso é impossível”, aí ela respondia com fé em Deus: “tudo é possível”, segundo Lucas, capitulo 18, versículo 27. Era uma senhora da sociedade santaritense de personalidade forte e capaz de realizar qualquer empreendimento em favor da coletividade e de modo especial da Igreja que escolheu para adorar a Deus e seus santos. E até porque “as pessoas, geralmente, têm uma visão plana, pegada à terra, de duas dimensões. - Quando a tua vida for sobrenatural, obterás de Deus a terceira dimensão: a altura. E, com ela, o relevo, o peso e o volume”, no dizer de Josemaria Escrivá.
                   
É um fato que o grande escritor brasileiro Machado de Assis menciona que “o olho do homem serve de fotografia ao invisível, como o ouvido serve de eco ao silêncio”, um exemplo disso é que nos tempos de Jesus Cristo, não existia fotografia e que nem por isso deixamos de cultuar sua honra e sua glória, dependendo do desenhista e do escultor, tem ora que nos apresentam uma estampa ou escultura bonita, barroca, e tem ora que nos apresenta uma estampa feia e ou futurista, tudo depende do que pensamos e do que vemos, se que é que realmente temos percepção para entender o que nos é apresentado em todos os sentidos durante a nossa vida terrena. E isso é fato, pois,
“Sem a fé não é possível agradar a Deus”, conforme Hebreus, capítulo 11, versículo 6.

Biografia do autor
ACADEMIA PARAIBANA DE POESIA
CADEIRA 7 – PATRONO: CARLOS DIAS FERNANDES


ACADEMIA DE LETRAS DO BRASIL

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Enviado pelo escritor Francisco de Paula Melo Aguiar

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