Por Clerisvaldo B.
Chagas, 1º de outubro de 2014 - Crônica Nº
1.271
No rio Ipanema
de tudo se joga
Sapato,
tesoura, martelo, penico,
Camisa de
pobre, cueca de rico,
Resto de
farmácia, molambo de toga,
Contas de
rosário de alguém que roga,
Lata
enferrujada, corda de laçar,
Sutiã redondo
que alguém quis jogar,
Pedaço de
sebo, metal de cinzeiro,
Garrafas de
tudo, chifre tabaqueiro,
Que as águas
nem levam pra beira do mar.
No rio Ipanema
se joga panela
Galinha
doente, rato apodrecido,
Papel
higiênico, chapelão roído,
Fezes de
esgoto, madeira, tramela,
Calçola de
velha, cadeira de tela,
Jogo
absorvente de mulher usar,
Cachimbo de
coco de negro pitar
Que alagam com
tudo, que cobrem os terrenos,
Pedaços de tanga,
camisa-de-vênus
Que o Panema
carrega pra beira do mar.
No rio se lava
fato de bovino
Carroça de
burro, roupas de enfermos,
Só tem
funga-funga nos lugares ermos
Lavam-se
cueiros, bunda de menino,
Defecam nas
margens, no capim mais fino,
Aparece o
jumento para se espojar,
A jumenta
relincha querendo brincar,
A Água aparece
no terreno morno,
Com fato, com,
pedra, com casco, com corno,
Transporta
todinho pra beirado mar.
· Extraído
do livro do autor: “Ipanema um rio macho”.
Publicado em
2011. Pag. 37.
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