quarta-feira, 1 de outubro de 2014

PROTESTO NO RIO IPANEMA

Por Clerisvaldo B. Chagas, 1º de outubro de 2014 - Crônica Nº 1.271

No rio Ipanema de tudo se joga
Sapato, tesoura, martelo, penico,
Camisa de pobre, cueca de rico,
Resto de farmácia, molambo de toga,
Contas de rosário de alguém que roga,
Lata enferrujada, corda de laçar,
Sutiã redondo que alguém quis jogar,
Pedaço de sebo, metal de cinzeiro,
Garrafas de tudo, chifre tabaqueiro,
Que as águas nem levam pra beira do mar.

No rio Ipanema se joga panela
Galinha doente, rato apodrecido,
Papel higiênico, chapelão roído,
Fezes de esgoto, madeira, tramela,
Calçola de velha, cadeira de tela,
Jogo absorvente de mulher usar,
Cachimbo de coco de negro pitar
Que alagam com tudo, que cobrem os terrenos,
Pedaços de tanga, camisa-de-vênus
Que o Panema carrega pra beira do mar.

No rio se lava fato de bovino
Carroça de burro, roupas de enfermos,
Só tem funga-funga nos lugares ermos
Lavam-se cueiros, bunda de menino,
Defecam nas margens, no capim mais fino,
Aparece o jumento para se espojar,
A jumenta relincha querendo brincar,
A Água aparece no terreno morno,
Com fato, com, pedra, com casco, com corno,
Transporta todinho pra beirado mar.


·        Extraído do livro do autor: “Ipanema um rio macho”.
Publicado em 2011. Pag. 37.


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