Recuperação da
candidata Dilma Rousseff (PT) no Sudeste - onde a diferença dela para Aécio
Neves (PSDB) diminuiu de 21 para 9 pontos porcentuais em onze dias, segundo o
Datafolha - pode estar relacionada à crise hídrica em São Paulo. Na opinião do
cientista político e professor da Fundação Getulio Vargas Marco Antônio
Carvalho Teixeira, a falta d'água pode ter sido fundamental para Dilma no
Estado, onde Aécio obteve sua maior vantagem no primeiro turno.
"Geraldo
Alckmin passou o tempo inteiro negando que o problema era grave e a situação
piorou nos últimos 15 dias. O discurso foi enfraquecido pela realidade e
provavelmente enfraquece o Aécio", analisa. "A impressão é que Dilma
está avançando em São Paulo no eleitorado de Marina Silva e no eleitorado da
falta d'água", completa.
Segundo o
cientista político, outra dificuldade de Aécio e seu partido nesta reta final é
a fama de "elitista" da legenda - por mais que o tucano tenha
afirmado em várias oportunidades que pretende manter os programas sociais.
Neste quesito, Teixeira acredita que o mercado financeiro prestou um
"desserviço" à candidatura do tucano ao "escolher um lado".
"Quando o
mercado começa a mexer na Bolsa em função do resultado das pesquisas, isso
indica que tem um candidato favorito. E na cabeça do eleitor o mercado é
diferente do povo", afirma.
Para a
campanha de Dilma, o levantamento do Datafolha trouxe boas notícias que vão
além da intenção de voto da presidente, agora 4 pontos porcentuais maior do que
a do adversário - mas ainda no limite da margem de erro. A melhora na avaliação
do governo e o aumento da rejeição a Aécio mostram uma consistência na
recuperação da petista.
"Deu
certo a estratégia do PT de desconstruir o Aécio. E, na avaliação do governo,
principal desafio da Dilma depois da Copa, só há notícias positivas para
ela", afirma. Os dados das pesquisas mais recentes devem mudar a
estratégia dos candidatos para a semana decisiva e o debate da TV Globo. Caso
não haja mudança significativa durante a semana, Teixeira acredita que agora é
Dilma quem irá para o último embate "pensando em como não perder",
enquanto Aécio precisará atacar.
O desempenho
nos debates realizados até aqui também pode ter contribuído para a
ultrapassagem de Dilma nas pesquisas. O tom duro utilizado contra Dilma, somado
à discussão com Luciana Genro (PSOL) no primeiro turno, foi explorado pela
campanha petista e pode ter prejudicado Aécio. O professor lembra que, após o
debate, o PT começou a falar em "desrespeito" contra mulher.
Coincidência
ou não, Dilma reverteu a vantagem do tucano entre o público feminino. Em
pesquisa de 9 de outubro, Aécio tinha 46% e Dilma estava com 42% das intenções
de voto entre o público feminino. Onze dias depois, é a petista quem lidera por
46% a 41%.
Por José
Roberto Castro - São Paulo
FONTE(S)
IMAGENS
http://www.emresumo.com.br/2014/10/21/fgv-crise-hidrica-ter-ajudado-recuperacao-dilma_48867.html?utm_source=HomePortal&utm_medium=baixaki
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