Depois de
dezenas de novas descobertas sobre exoplanetas, buracos
negros, estrelas
de nêutrons e até mesmo a matéria
escura invisível que permeia todas as galáxias, parece que existe um corpo
celeste que ainda continua a nos surpreender. Sim, a Lua tem mais novidades para
nos mostrar.
A superfície
lunar continua dando o que falar, sendo fonte de estudos e novas revelações. Em
uma mais recente, uma nova pesquisa sugere que a Lua tem uma região de baixa
viscosidade anteriormente desconhecida, localizada logo acima do núcleo.
De acordo com
informações do Ars
Technica, a região está parcialmente fundida, o que se encaixa com os
modelos anteriores que sugerem que alguns pontos de fusão possam existir na
fronteira manto-núcleo.
Relação com as
marés
A região,
referida no estudo como a "zona de baixa viscosidade," poderia
explicar melhor as medidas de dissipação das marés na Lua. Embora os cientistas
já tenham calculado os efeitos das forças de maré da Terra sobre a Lua, nenhum
desses cálculos foi suficiente para contabilizar certas observações.
Especificamente,
há uma relação entre o período de maré da Lua e sua capacidade de absorver
ondas sísmicas, que são convertidas em calor profundo no interior do satélite
natural da Terra. Essa relação era inexplicável até agora. Entretanto, os
autores do estudo foram capazes de corresponder de perto essas observações com sua
simulação, quando uma zona de baixa viscosidade foi incluída em seus modelos.
As marés na
Terra formam o efeito mais evidente da influência gravitacional da Lua, mas,
surpreendentemente, a Terra tem uma influência recíproca nas marés lunares. À
medida que essas forças de maré da Terra exercem pressão sobre a Lua, ela cria
ondas sísmicas.
Essas ondas
então se dissipam e são convertidas em calor nas profundezas da Lua em um
processo chamado aquecimento de maré. Com isso, a zona de baixa viscosidade
desempenha um papel no processo, ajudando as ondas a se dissiparem.
Cálculos
Pode parecer
um tanto complicado, mas, usando essas medições, os pesquisadores foram capazes
de calcular algumas características específicas da zona de baixa viscosidade. O
valor resultante de viscosidade é extremamente baixo quando comparado com
estimativas prévias das condições na parte inferior do manto lunar.
A zona começa
a cerca de 500 metros acima do centro lunar, agindo como um cobertor para
abrandar o arrefecimento do núcleo e influenciando a evolução térmica da Lua.
Contudo, os
autores do estudo afirmam que o modelo não é perfeito e reconhecem que ele não
corresponde exatamente a todas as observações. "A viscosidade
astenosférica e a espessura da litosfera são, provavelmente, muito suaves e
muito finas, respectivamente, em nosso modelo de referência", escrevem
eles.
De qualquer
forma, isto não significa que os resultados não sejam informativos, mas sim que
um modelo mais preciso ainda possa ser necessário a fim de compreender a estrutura
interna da Lua em mais detalhes e com muito mais clareza.
Os
pesquisadores dizem que compreender a relação entre a dissipação e os ciclos de
maré em corpos planetários é importante para vários aspectos da ciência
espacial. Entre outras coisas, essa relação pode dar pistas sobre a evolução do
corpo em questão, tanto de suas propriedades térmicas quanto de sua história
orbital.
E isso ainda
pode nos ajudar a compreender as luas de outros planetas, tais como aqueles nas
órbitas de Júpiter e Saturno. A história da Lua é de particular interesse, pois
é entrelaçada com nosso próprio passado e vai continuar a ser objeto de estudo
por muito tempo. Quem sabe a grande e brilhante Lua ainda tenha mais algumas
surpresas na manga, esperando para serem descobertas?
FONTE(S)
IMAGENS
http://www.megacurioso.com.br/lua/45265-atracao-gravitacional-da-terra-pode-derreter-um-pedacinho-da-lua.htm
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