Por José Romero Araújo Cardoso
O isolamento e
a ausência da ação do Estado em diversas regiões do globo tornaram
imprescindível o trabalho das parteiras tradicionais, sendo a maioria detentora
de conhecimentos empíricos transmitidos de geração a geração, pois a
preservação das técnicas de como realizar partos de forma mais eficiente
possível vem possibilitando a salvação de inúmeras vidas nos quatro cantos do
mundo, razão pela qual o cinco de maio é internacionalmente dedicado a essas
heroínas anônimas.
Embora
percentual majoritário de quem se dedica ao trabalho de viabilizar a vinda de
uma nova vida ao mundo seja do gênero feminino, existem registros em diversas
regiões de parteiros realizando essa missão humanitária.
historiahoje.com
A zona rural é
tradicionalmente desassistida pelos programas de saúde, motivo pelo qual as
parteiras ainda exercem forte influência nas sociedades tradicionais quando
mulheres começam a demonstrar os sinais inconfundíveis de que estão prestes a
ter seus filhos, principalmente quando os partos se mostram complicados.
Esquecendo os
perigos que rondam a calada das noites, concentradas apenas na certeza de que a
presença imediata é indispensável, as profissionais leigas não medem distância
a fim de enfatizar seu ofício intuindo salvar vidas.
parteirastradicionais.wordpress.com
Técnicas em
grande proporção eficientes, aprendidas com antepassados, são postas em prática
e, dependendo do caso, logo alcançam o objetivo que fizeram das parteiras
tradicionais figuras respeitadas em suas comunidades, não obstante a imensa
maioria não desfrutar de melhores qualidades de vida, vivendo em condições
semelhantes às famílias que assiste.
Gonzagão,
embora desgostando a viúva do autor da música, devido às modificações profundas
que realizou na canção, imortalizou a importância dessas heroínas anônimas
interpretando com invulgar perfeição "Samarica parteira", composição
fruto da genialidade de Zé Dantas, o qual como médico obstetra, nativo do
semiárido, nascido em uma região carente e esquecida do sertão pernambucano,
sabia perfeitamente das dificuldades que a sertaneja enfrenta devido a ausência
de profissionais da medicina, fato que infelizmente persiste até os dias de
hoje.
O trabalho
realizado pelas parteiras tradicionais no nordeste brasileiro também é marcado
pelas superstições, tendo em vista que muitas dessas profissionais práticas se
inspiram no ciclo lunar para poder realizar partos.
A
religiosidade também se faz presente, pois oração como a Salve Rainha é feita
antes de começar o trabalho de assistir as mulheres nos partos. Caso a parteira
erre a reza significa que a parturiente deve ser imediatamente conduzida para
lócus apropriado que disponha de condições suficientes
para evitar que mãe e filho/a não
sejam salvos. Regiões extremamente carentes no setor de saúde, a
exemplo do Norte e do Nordeste, ainda contam
de forma expressiva com o trabalho das parteiras tradicionais para realizar
partos em mulheres.
Heroínas
anônimas, indispensáveis na ênfase em salvar vidas, as parteiras
tradicionais precisam ser reconhecidas e valorizadas em razão do grande
trabalho social que vem exercendo ao longo dos séculos, sobretudo, quando se
intensificam as diferenças inter- regionais em razão que as diferenças ainda
não foram solucionadas, principalmente na área de saúde, a qual deve nortear
prioridade de forma democrática e humana em qualquer plataforma governamental
que obrigatoriamente deva prezar o bem-estar da população em sua totalidade.
In: C268n
Cardoso, José Romero de Araújo. Notas para a História do Nordeste . João
Pessoa: Ideia, 2015. 119p. ISBN 978-85-7539-961-3 1. História – Nordeste -
Brasil CDU 625. P. 16 - 17
Enviado pelo escritor , professor e pesquisador do cangaço José Romero Araújo Cardoso
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