quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

No período da seca no sertão, O sol pinta de cinza a caatinga

Por Jairo Araújo Alves

No período da seca no sertão
O sol pinta de cinza a caatinga
Por Jairo Araújo Alves

Depois das fogueiras de junho
Queimarem suas últimas brasas
A juriti com sede bate as asas
A poeira levanta em redemonho
O carão não canta mais a punho
A rama que era verde mingua
O chão vira torrão e nem pinga
A fartura começa sua divisão
No período da seca no sertão
O sol pinta de cinza a caatinga

O camponês só perde a esperança
Quando a última chuva terminar
O trovão escorregando sem parar
De noite o sapo-boi não se cansa
Mas sua cantiga não mais alcança
O sereno que agora só respinga
Amanhece o dia quente e vinga
O molhado que escorre no chão
No período da seca no sertão
O sol pinta de cinza a caatinga

O fazendeiro chega cedo ao curral
Percebe o leite por quantidade
Que diminuiu a mais da realidade
Logo pensa na comida do animal
Diz isso daqui não está normal
Tem que dar soro, cálcio na seringa
Que pela boca já mostra a língua
Nem um talo de capim de algodão
No período da seca no sertão
O sol pinta de cinza a caatinga

O agricultor e a enxada num canto
Já sem ânimo e tão displicente
a água da coité é tão quente
que somente ele sabe o quanto
apela pra São José, outro Santo
pra escapar um bode na restinga
que se for no nordeste não vinga
em Agosto nem um pé de feijão
No período da seca no sertão
O sol pinta de cinza a caatinga

Jairo Araújo Alves é poeta popular. Natural de Pombal/PB

Enviado pelo escritor e pesquisador do cangaço José Romero Araújo Cardoso

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