Publicado em
14.07.2013
Cruzando as
informações do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da
Saúde com dados do censo populacional do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), verifica-se que, em 2011, a taxa de homicídios da população
negra foi de 35,2 por 100 mil habitantes, taxa 9% acima do que a observada
cinco anos antes, quando foram registrados 29.925 casos, ou seja, 32,4 por 100
mil habitantes. Na Paraíba, a taxa é quase 100% maior da nacional. Os dados do
Estado passou de 30,1 para 60,3 por 100 mil.
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Ao mesmo tempo
em que negros ficaram mais vulneráveis à violência nesses cinco anos, a taxa de
homicídios da população branca caiu 13%, ao passar de 17,1 por 100 mil
habitantes em 2006 (15.753 em número absoluto) para 14,9 por mil em 2011
(13.895 casos).
O dado reflete
a grande disparidade racial que existe no Brasil, quando se trata de vítimas de
assassinatos. Com o aumento dos homicídios entre a população negra, a
probabilidade de um preto ou pardo ser vítima de assassinato no país passou a
ser 2,4 vezes maior do que a de um branco. Em 2006, a proporção era de 1,9.
Para o
coordenador da organização não governamental (ONG) Observatório das Favelas,
Jaílson de Souza, o aumento da taxa de homicídios de negros tem relação com a
mudança geográfica dos assassinatos no país. Nos últimos anos, enquanto o Sul e
o Sudeste têm vivenciado a redução das taxas de homicídios, o Norte e Nordeste
têm visto um aumento da violência.
Esses estados,
segundo Souza, são os que concentram as maiores populações de pretos e pardos.
“Quando essa geografia da morte muda, e há mais violência no Norte e Nordeste,
essa mudança acaba por gerar mais morte de negros, sejam pardos ou pretos. Em
Alagoas, por exemplo, há um branco para cada 20 negros”, disse.
Dos cinco
estados onde o assassinato de negros mais cresceu, quatro são do Nordeste e um
no Norte. O Rio Grande do Norte teve um crescimento de 2,7 vezes na taxa de
homicídios, ao passar de 16,1 por 100 mil habitantes, em 2006, para 43,6 por
100 mil, em 2011. Na Paraíba, a taxa dobrou, de 30,1 para 60,3 por 100 mil.
Entre os
outros estados onde o crescimento foi grande entre 2006 e 2011, estão Alagoas
(de 53,9 para 90,5 por 100 mil habitantes), o Amazonas (de 22,3 para 42 por 100
mil) e Ceará (de 17,8 para 29 por 100 mil).
Para Jaílson
de Souza, o crescimento econômico do país, sem uma mudança da estrutura social,
também contribui para o incremento da violência entre as populações mais
vulneráveis. “Nosso desafio é reconhecer que não basta o crescimento econômico,
tem que ter uma política que leve em conta o racismo, que é um elemento
estrutural da desigualdade brasileira.”
FONTE: AGENCIA
BRASIL
FONTE: http://www.liberdade96fm.com.br/noticia/paraiba+tem+uma+das+cinco+maiores+taxas+de+homicidios+de+negros+no+brasil-10883
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