Por: Rangel Alves
da Costa(*)
Está tudo
absolutamente sob controle, sem alta na inflação, sem diminuição do poder de
compra, sem ameaças à mesa das classes menos favorecidas. Aliás, não existe
mais classe empobrecida no Brasil, pois o país está exterminando de vez com a
pobreza. E também a saúde e a educação não foram afetadas pelos gastos abusivos
e superfaturados da copa.
É exatamente o
discurso desavergonhado do governo, deliberadamente mentindo sobre situações
que estão cada vez mais insustentáveis, que faz com que os protestos prossigam
e com consequências inimagináveis. E ontem, no primeiro pronunciamento que fez
após os seguidos protestos, a governante maior mentiu mais uma vez. E
desavergonhadamente.
Ora, por que
só pensou agora, quando está com a corda no pescoço, em reformar o transporte
coletivo, aumentar as verbas em educação e trazer milhares de médicos para
aumentar o atendimento no SUS? E também quem vai acreditar que com sua
arrogância vá atender manifestantes? Quem dá esporro em ministro não dá a
mínima para protestante.
Com efeito,
quem vive em gabinetes recebendo relatórios maquiados e mentirosos, certamente
há de acreditar que vivemos num outro mundo. Mas o mundo da sociedade
brasileira é outro, e está ora em cima de vulcão prestes a vomitar ora à beira
de profundo e imenso abismo. A situação do Brasil, senhora presidenta, é coisa
para se ver e não para pincelar com palavras insinceras e floreadas.
Tanto suas
palavras como suas estatísticas jamais refletiram a realidade. O problema é que
depois repassam estatísticas e previsões completamente distorcidas para
acobertar realidades insustentáveis. Afirmam sobre um país economicamente
fortalecido e capaz de vencer os desafios das oscilações econômicas mundiais,
quando a população sente no estômago e no bolso o outro lado dessa moeda podre.
De Gaulle
tinha razão. E têm razão todos aqueles que desacreditarem no Brasil, que o
chamem de um país mentiroso, corrupto e completamente submerso em lamaçais
congressistas, palacianos e governamentais. E, infelizmente, também o povo que
comunga com tal situação e recoloca no poder os nefastos vermes da política.
Que ninguém se
engane ser o Brasil o país mais mentiroso do mundo. E confirmado pela própria
boca de sua presidenta travestida de guerrilheira. Cada governante, ministro,
secretário ou a autoridade que seja, parece especializado também em criar
situações absurdas para dar feição positiva ao inexistente, ou, acaso
existente, em dizer que a lama em que o povo se afunda é um refrescante lago
primaveril.
Tanto
mente interna como externamente. Ao mundo diz que o produto interno bruto será
elevado, que a inflação está no mais absolutamente controle, que o país está
imune às ameaças externas, que por aqui tudo corre às mil maravilhas. Tudo
mentira, e a mais deslavada mentira. O povo que sai às ruas, senhora
presidenta, não está louco não, mas despertado para a realidade que vocês tudo
fazem para esconder.
E,
internamente, os embustes nossos de cada dia. Será que o povo ainda acredita em
educação de qualidade, num sistema único de saúde eficiente, em
desburocratização dos órgãos públicos, em controle dos preços dos produtos, em
inexistência de inflação galopante, em moralidade nas ações governamentais?
Será que o povo vai acreditar em mudanças quando a classe política apodrecida
continuará a mesma?
Será que o
povo acredita que populações inteiras estejam saindo dos patamares da pobreza e
da miséria absoluta, que os problemas das estiagens serão solucionados com
ações emergenciais capengas, que os problemas com a proliferação desenfreada do
uso de drogas estão sendo enfrentados com seriedade pelo governo? Senhora
presidenta, acaso o povo esteja com a razão, e por isso mesmo será atendido em
seu gabinete, não seria hora de esse mesmo povo tomar-lhe o seu arrogante e
ditatorial poder?
E quem está aí
quer continuar no poder, e tem isso como certo porque conhece muito bem a
população submissa que está a seus pés. Não só conhece a ignorância, a
vassalagem e a vergonhosa dependência, como tem máxima certeza que a honra e a
dignidade também pode ser comprada com um cartão de um programa social
qualquer.
O fato de 13,8
milhões de famílias viverem na dependência do recebimento dos valores do bolsa
família, já demonstra que não saímos nem sairemos daqueles patamares
vergonhosos da pobreza espalhada em cada canto. E as populações não sairão da
linha da pobreza nem da miséria absoluta porque acostumaram com as esmolas
recebidas.
E tendo todo
mês o dinheiro certo, dificilmente se esforçarão para alcançar o mercado de
trabalho e viver com dignidade. Tais são as lições extraídas dessas políticas
que em nada deixam a dever às velhas práticas interioranas e coronelistas do
assistencialismo, do apadrinhamento e da esmola em troca de apoio político. E
também o voto de cabresto, pois cada cartão do Bolsa Família possui a mesma
feição da cabresto puxando o desvalido eleitor.
Não precisa
nem ir muito longe para saber da alta desenfreada da inflação e do aumento
absurdos dos produtos básicos na alimentação. Basta chegar a qualquer feirinha
de bairro para verificar que nada mais é encontrado abaixo de dois reais, que
um quilo de farinha está acima dos seis reais, que está impossível comprar um
quilo de peixe ou de camarão. O frango, produto que por muito tempo foi tido
como alimento acessível aos pobres, hoje não é encontrado por menos de oito
reais o quilo. Dizer mais o que?
Dizer sim.
Afirmar que parem com tanta mentira e procurem enxergar a realidade. E assim,
talvez um dia, algum governante reconheça que o Brasil continua sendo um país
de maioria vivendo ainda vivendo abaixo da linha de pobreza. Ou o governo faz
ou as massas chamam para si as responsabilidades e continuarão saindo às ruas
para as revoluções necessárias.
E uma boa
revolução sempre tem a cabeça de um governante como conquista maior.
(*) Meu nome é Rangel Alves da Costa, nascido no sertão sergipano do São Francisco, no município de Poço Redondo. Sou formado em Direito pela UFS e advogado inscrito na OAB/SE, da qual fui membro da Comissão de Direitos Humanos. Estudei também História na UFS e Jornalismo pela UNIT, cursos que não cheguei a concluir. Sou autor dos seguintes livros: romances em "Ilha das Flores" e "Evangelho Segundo a Solidão"; crônicas em "Crônicas Sertanejas" e "O Livro das Palavras Tristes"; contos em "Três Contos de Avoar" e "A Solidão e a Árvore e outros contos"; poesias em "Todo Inverso", "Poesia Artesã" e "Já Outono"; e ainda de "Estudos Para Cordel - prosa rimada sobre a vida do cordel", "Da Arte da Sobrevivência no Sertão - Palavras do Velho" e "Poço Redondo - Relatos Sobre o Refúgio do Sol". Outros livros já estão prontos para publicação. Escritório do autor: Av. Carlos Burlamaqui, nº 328, Centro, CEP 49010-660, Aracaju/SE.
Poeta e cronista
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