segunda-feira, 3 de agosto de 2015

ECOS DE CANUDOS

por José Gonçalves do Nascimento*

Os ecos de Canudos ainda repercutem e estão por toda parte e nas mais diferentes tonalidades. Passadas onze décadas - desde o fim da triste carnificina até os dias atuais - o exemplo do Conselheiro continua mais vivo do que nunca.

O total aniquilamento do movimento comunitário de Canudos não significou, necessariamente, o fim do ideal propugnado por Antônio Conselheiro, qual seja o de estabelecer no sertão do Brasil um modelo de sociedade capaz de suplantar de uma vez por todas as velhas estruturas de poder, que, por séculos a fio, mantiveram o povo brasileiro, em especial o nordestino, refém do atraso e do abandono, em todos os seus níveis.

Pautado nos princípios da paz, da justiça e da solidariedade e comprometido com a superação do jugo sócio, político e econômico, que, de muito, oprime as camadas menos protegidas da população, tal projeto de sociedade se faz cada dia mais atual, granjeando, a todo instante, o apoio de parcelas consideráveis do povo brasileiro, atualmente organizado nos mais diversos segmentos de luta e contestação existentes no país.

Um projeto dessa magnitude implicará, necessariamente, na execução de políticas sociais que visem, entre outras coisas:

• Distribuição equitativa da terra, através de um projeto de reforma agrária que leve em conta a problemática do campo;

• Construção de uma nova ordem econômica, baseada nos princípios do cooperativismo e da solidariedade;

• Superação da desigualdade social, mediante uma justa distribuição de riquezas;

• Introdução de políticas habitacionais efetivas que garantam aos cidadãos e cidadãs o direito elementar da moradia.

• Preservação do meio ambiente, com atenção para a lógica do desenvolvimento sustentável;

• Implementação de medidas efetivas de convivência com a seca (no caso específico do nordeste), por meio de obras preventivas e infraestruturais;

• Adoção de um sistema educacional verdadeiramente crítico e voltado para a diversidade sócio-cultural da população brasileira;

• Fixação de práticas democráticas de comunicação, proporcionando à sociedade brasileira amplo e irrestrito acesso à informação.

• Implantação de um serviço público de saúde mais eficiente e com maior capacidade de cobertura e atendimento;

• Respeito aos grupos minoritários da sociedade, através de leis e ações que garantam o direito à escolha e à diversidade.

Considerando o déficit histórico das instituições estatais para com a população menos privilegiada – fruto do descaso com que foram tratados, por longo tempo, os direitos mais elementares do povo – e diante das incontáveis demandas sociais que aos poucos vão sendo impostas pela contemporaneidade, torna-se cada vez mais imperativa a utilização de ações públicas que possam, efetivamente, contribuir com a edificação de uma sociedade mais justa, mais humana e mais solidária.


Envaido pelo professor, escritor e pesquisador do "Cangaço" José Romero de Araújo Cardoso

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