por José
Gonçalves do Nascimento*
Os ecos de
Canudos ainda repercutem e estão por toda parte e nas mais diferentes
tonalidades. Passadas onze décadas - desde o fim da triste carnificina até os
dias atuais - o exemplo do Conselheiro continua mais vivo do que nunca.
O total
aniquilamento do movimento comunitário de Canudos não significou,
necessariamente, o fim do ideal propugnado por Antônio Conselheiro, qual seja o
de estabelecer no sertão do Brasil um modelo de sociedade capaz de suplantar de
uma vez por todas as velhas estruturas de poder, que, por séculos a fio,
mantiveram o povo brasileiro, em especial o nordestino, refém do atraso e do
abandono, em todos os seus níveis.
Pautado nos
princípios da paz, da justiça e da solidariedade e comprometido com a superação
do jugo sócio, político e econômico, que, de muito, oprime as camadas menos
protegidas da população, tal projeto de sociedade se faz cada dia mais atual,
granjeando, a todo instante, o apoio de parcelas consideráveis do povo
brasileiro, atualmente organizado nos mais diversos segmentos de luta e
contestação existentes no país.
Um projeto
dessa magnitude implicará, necessariamente, na execução de políticas sociais
que visem, entre outras coisas:
• Distribuição
equitativa da terra, através de um projeto de reforma agrária que leve em conta
a problemática do campo;
• Construção
de uma nova ordem econômica, baseada nos princípios do cooperativismo e da
solidariedade;
• Superação da
desigualdade social, mediante uma justa distribuição de riquezas;
• Introdução
de políticas habitacionais efetivas que garantam aos cidadãos e cidadãs o
direito elementar da moradia.
• Preservação do meio ambiente, com atenção para a lógica do desenvolvimento sustentável;
•
Implementação de medidas efetivas de convivência com a seca (no caso específico
do nordeste), por meio de obras preventivas e infraestruturais;
• Adoção de um
sistema educacional verdadeiramente crítico e voltado para a diversidade
sócio-cultural da população brasileira;
• Fixação de
práticas democráticas de comunicação, proporcionando à sociedade brasileira
amplo e irrestrito acesso à informação.
• Implantação
de um serviço público de saúde mais eficiente e com maior capacidade de
cobertura e atendimento;
• Respeito aos
grupos minoritários da sociedade, através de leis e ações que garantam o
direito à escolha e à diversidade.
Considerando o
déficit histórico das instituições estatais para com a população menos
privilegiada – fruto do descaso com que foram tratados, por longo tempo, os
direitos mais elementares do povo – e diante das incontáveis demandas sociais
que aos poucos vão sendo impostas pela contemporaneidade, torna-se cada vez
mais imperativa a utilização de ações públicas que possam, efetivamente,
contribuir com a edificação de uma sociedade mais justa, mais humana e mais
solidária.
*Poeta e
cronista
jotagoncalves_66@yahoo.com.br
jotagoncalves_66@yahoo.com.br
Envaido pelo professor, escritor e pesquisador do "Cangaço" José Romero de Araújo Cardoso
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