Por Francisco de
Paula Melo Aguiar (*)
Há pessoas
desagradáveis apesar das suas qualidades e outras encantadoras apesar dos seus
defeitos.
François La Rochefoucauld
Ah! Em
momentos bons e momentos maus, sempre recorremos as nossas amizades pessoais,
profissionais, educacionais, religiosas, sociais, filosóficas, sociológicas,
políticas, vizinhanças, esportivas, etc. Tanto é assim que, a palavra amizade é
a palavra que remove montanhas diante de nossas precípuas e/ou prementes
necessidades passadas, presentes e quiçá, futuras, pois, o que em nome de nossa
amizade não tiver qualquer tipo de resposta, isso significa dizer que não
existe amizade e sim, inimizade, com raríssimas exceções de oportunismo puro e
simples. Um(a) verdadeiro(a) amigo(a) é um(a) irmão (ã) que não tivemos. Isso
vale ouro atualmente, diante do quadro de corrupção moral, social e
administrativa em todos os sentidos da gestão humana. Mesmo assim, vamos
analisar friamente o termo amizade, palavra de origem latina, que vem de
“amicilita”, significando, portanto, dedicação, benevolência, sentimento
concreto de quem é realmente amigo(a). Coisa difícil de ser encontrado nos dias
atuais, pois, tem filhos, por exemplo, levam seus pais para fazer um tratamento
de saúde em determinado hospício e fazem o cadastro com endereços inexistentes
para que jamais seus pais e/ou familiares seus, ao receberem alta hospitalar,
jamais tenham um lar para voltar a habitar. Surge daí a figura do morto vivo,
onde tais doentes ficam esperando por quem não resgatar seus “entes queridos”.
É assim corrupta vida de certos “amigos familiares” para com os seus parentes
mais próximos. E assim sendo, quais as características do ter amizade a alguém
e/ou a uma pessoa? A resposta é uma conseqüência natural, depende de escolha,
de eleição e de fidelidade, onde o juiz é o juízo humano. Ter amizade depende
de uma questão de escolha pessoal, só somos amigos de quem queremos e ponto final.
É uma questão de lealdade sobre todos os aspectos pessoais e profissionais. É o
respeitar o aprisco do outro sem interferir no seu caminho de vida. É o aceitar
o outro como ele e/ou ela é, e nunca como nós gostaríamos que fossem. A amizade
é sempre um sentimento de escolha, levando-se em consideração que é essa
escolha que distingue naturalmente uma pessoa enquanto individuo entre os
demais, a ele(a) dedicamos atenção, amparo, respeito, compromisso, lealdade e
além do mais interesses especiais e únicos. Tem gente que afirma que meus
amigos(as) não tem defeitos e sempre tem virtudes. O(a) amigo(a) que é amigo(a)
é único(a).É o(a) irmão(ã) que não temos. De modo que este compromisso e/ou
sentimento de interesse e/ou de lealdade e/ou de respeito a respeito do(a)
outro(a) para constituir uma verdadeira amizade, jamais poderá ser passageira
e/ou condicional e/ou mera oportunidade de ocasiões para simplesmente resolver
certas e determinadas situações laborais e/ou pessoais. Os piores inimigos de
hoje, no passado foram os melhores amigos. De modo que deve ter a
característica da permanência que inevitavelmente se constituirá naquilo que o
mundo civilizado chama de fidelidade, algo oposto a traição em todos os seus
aspectos do caminho percorrido pela vida humana em todas as civilizações. Nunca
confundir que interesses pessoais, empregos, oportunidades, profissionais,
educacionais, religiosas, sociais, filosóficas, sociológicas, políticas,
vizinhanças, esportivas, sexuais, etc., sejam confundidos com o significado de
amizade no sentido pleno da palavra. Tais elementos não significam amizades.
Devemos sempre saber de que a amizade é sem sombra de dúvidas o fruto mais puro
em todos os sentidos da vida e de nossa liberdade de ter e ser, sem barreiras e
condicionamentos oportunistas ocasionais. Tem gente que só amigo para pedir o
voto e depois de eleito, comete fraude eleitoral, assim como tem gente que só é
amigo(a) se o( outro(a) lhe emprestar o cartão de crédito e fornecer-lhe a
senha para concretizar uma compra no nome do outro individuo, tudo porque ele
e/ou ela está mais sujo(a) do que corda de porco no barreiro de lama. Gente
suja! Isso é fato e contra fato não se tem argumento, pois, a amizade não está
assim como o amor, sempre sujeito a fatores sexuais. Isto não é ser amigo(a),
sexo é mera fantasia de época. A amizade é algo que permanece unicamente no
sentido espiritual e não tem interesses materializados via presentes e favores
para que o mesmo possa de fato existir. Na amizade não existe propina de
qualquer espécie, o jogo de interesse lá não existe. Em um mundo de tantas
desigualdades pessoais, funcionais, profissionais, educacionais, religiosas,
sociais, filosóficas, sociológicas, políticas, vizinhanças, esportivas,
sexuais, etc., a amizade se opõe a tudo isso. Ser amigo é ser algo limpo e
livre de qualquer direcionamento a não fazer e/ou desejar o bem comum aos
demais envolvidos. É o dar sem querer nada receber em troca. É fazer o bem sem
olhar a quem. A amizade implica em gênero, grau e número, numa igualdade de
condições, tendo em vista que tem como base as afinidades profundas e múltiplas
ao mesmo tempo, pois, dificilmente poderá sobreviver em situações de grande
disparidade de gostos e/ou de meios sociais e culturais. É salutar nos reportar
de que a amizade verdadeira estar sempre ligada a lucidez pessoal e
desinteressada, de modo que evita a lisonja que levaria in loco a destruição da
própria igualdade, advindo daí a zona do interesse e da utilização do outro
indivíduo para atender aos seus interesses pessoais, como por exemplo, aquela
que deu origem a linha defendida pelos moralistas céticos de François de La
Rochefoucauld¹, que nos ensina: “as pessoas fracas não podem ser sinceras” e de
Jean Paul Sartre², ao afirmar: “o que é o materialismo, senão o estado do homem
que se afastou de Deus; [...] ele passa unicamente a preocupar-se com os seus
interesses terrestres”. Quando o homem se afasta de Deus, autor da Teoria da
Criação de tudo que existe no mar, no ar e na terra, quanto mais da afetividade
de seus amigos e parentes menores...
O tema amizade é amplo e interessante. Assim o elemento que mantém a amizade de pé, representada pela harmonia existente entre os indivíduos, que uma vez perdida, jamais poderá ser substituída, tendo em vista que tal eleição e/ou escolha mútua é um processo que jamais poderá se explicado pelos amigos, haja visto que nem eles mesmos sabem quais as razões de tal ligação de amizade, de afetividade, de respeito, de compromisso que existe em ambos. Os nossos amigos não têm defeitos. É a espontaneidade do processo pelo qual se escolhe os amigos, não simplesmente pelo fato de escolher amigos nas redes sociais, nada tem a haver com isso. Amigos sinceros em redes sociais são poucos. Isso é a outra fase da hipocrisia humana. Amigo que é amigo não vira fake para desconstruir o perfil de outros amigos seus, via o anonimato. O ato de escolher amigos é mais antigo do que as redes sociais. A amizade e a inimizade, estão presentes na vida do homem desde que o homem surgiu na face da terra. É a mesma coisa de céu e inferno, sempre presente na escolha a ser feito por cada homem em sua caminhada. O ato de escolher amigos nasceu desde a origem do homem na face da terra. É verdade, sim senhor! De modo que mesmo sendo espontânea a atitude de escolher amigos, grande é também a importância de freqüentar e fazer freqüentar os mesmos ambientes, comumente freqüentados pelos amigos e seus filhos, tendo em vista que “o homem não é nada mais do que aquilo que faz a si próprio”, no dizer de Jean Paul Sartre, pois, em tais ambientes sociais, a escolha tem a maior probabilidade de recair sempre sobre indivíduos de valor axiológico, moral, intelectual e cultural de uma sociedade bem urbanizada em termos de civilidade. Viva o dia dos (as) amigos(as)!
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Cadeira 7 –
Academia Paraibana de Poesia
Cadeira 1 –
Academia de Letras do Brasil
Enviado pelo escritor Francisco de Paula Melo Aguiar
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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